Visita Presidencial Madeira

“Não se pode pedir aos cidadãos o cumprimento de deveres, quando alguns políticos são os primeiros a desrespeitá-los”

José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Legislativa da Madeira

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Foto Rui A. Silva/ Aspress

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, começou por agradecer a presença do Presidente da República “neste nosso Dia, e assinalar o facto inédito de o Chefe do Estado de Portugal ter visitado o Parlamento da Madeira por três vezes no espaço dos últimos três meses”.

Sobre o 19 de Julho de 1976 “foi a concretização de um sonho de séculos que veio a ter consagração na Constituição da República de 1976.

A Madeira era descoberta pela segunda vez”, concluiu.

Evocou e saudou personalidades como “Emanuel Rodrigues, nosso primeiro Presidente, e líderes parlamentares como Alberto João Jardim, João da Conceição, Baltazar Gonçalves, Paulo Martins, primi inter pares, que, com coragem e inteligência, souberam erguer os alicerces do sistema autonómico e tornar realidade o sonho da auto-governação”.

Sobre a Assembleia, José Manuel Rodrigues assegurou que “é o reduto dos valores fundamentais da Autonomia e da Democracia, regimes que se desejam irreversíveis, mas que estão sempre sujeitos aos ataques e acusações dos seus adversários, e por isso é nosso dever estarmos, permanentemente, alerta e prontos para trabalhar pelo seu prestígio e fortalecimento”.

Dirigiu palavra “de intensa solidariedade e de incentivo à coragem das nossas comunidades na África do Sul e na Venezuela que passam, mais uma vez, por tempos difíceis, fazendo votos para que estes momentos de dificuldades sejam ultrapassados rapidamente, e possam voltar à normalidade e prosperidade de outras épocas”.

José Manuel Rodrigues reconheceu que “é indiscutível que os Parlamentos e consequentemente as instituições democráticas vivem tempos de crise de credibilidade e são alvo de contestação, num tempo em que, para o bem e para o mal, os políticos são, diariamente, escrutinados nas suas decisões e comportamentos pela comunicação social e pelos cidadãos”.

“Assiste-se a um descrédito da política e dos políticos e o vírus da descrença instalou-se nas nossas sociedades.

Este é o terreno fértil de onde emergem e crescem os populismos e os extremismos, que progressivamente vão minando a confiança dos cidadãos nas nossas instituições”, apontou.

Sobre esta crise das Democracias, disse que “o mais importante é saber como reganhar a dignidade e o prestígio das suas instituições e como voltar a merecer o voto e a esperança dos cidadãos”.

Defendeu que “a Democracia não pode reduzir-se ao ritual das eleições; os cidadãos não podem decidir apenas nos atos eleitorais; o desenvolvimento não pode chegar apenas aos mais fortes, ou aos que falam mais alto; o crescimento e a riqueza não podem ficar concentrados nas mãos de poucos.

Precisamos de responsabilidade política. Ninguém está acima da lei e o exemplo tem de vir de cima.

Não se pode pedir aos cidadãos o cumprimento de deveres, quando alguns políticos são os primeiros a desrespeitá-los.

Não se pode exigir aos cidadãos que acatem as leis, quando alguns políticos teimam em não as cumprir!

Mas também temos de combater esta ideia feita de que ‘os políticos são todos iguais’, não só porque não é verdade, como também por ser bom lembrar que os políticos não são uma casta que se cria por si própria, mas antes uma emanação da nossa sociedade”, referiu.

“Sem falsos moralismos, mas com a consciência de que é necessário agir rapidamente, temos de recuperar a ética e a integridade no exercício de cargos políticos e introduzir uma nova responsabilidade na Política para todos”, defendeu o presidente do Parlamento regional.

Na intervenção por ocasião da Sessão Solene Comemorativa do Dia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira., José Manuel Rodrigues apelou ao “encurtar distâncias entre eleitos e eleitores, encontrando novos mecanismos de participação dos cidadãos na vida colectiva.

Temos de recuperar o Mérito e a Competência na Política, elegendo e nomeando os melhores para os cargos de gestão da res publica”.