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Pontos nos “i’s”

Esqueceram-se que o dia comemora o reconhecimento da autonomia político-administrativa concedida à Região pela Constituição Portuguesa de 1976, depois do 25 de abril? E o que vimos?

Vamos lá esclarecer algumas coisas e colocar alguns pontos nos “i’s”.

“Quem não sabe nadar não concorre para marinheiro”. O problema é que a “cagança” de vestir a farda faz com que muitos concorram para um trabalho para o qual não têm competência. Para camuflar a falta de destreza em “nadar”, opta-se por enganar, criar confusão, jogar baixo, atirar areia para os olhos, criar cenas para enganar os mais distraídos e ataca-se pura e simplesmente para ocultar a própria ineficiência. E são tantos os “aspirantes a marinheiros” e “marinheiros já existentes” execráveis e vis.

Para começar, é preciso ter consciência que a mudança deste paradigma só ocorre quando aprendemos a escolher os candidatos a “marinheiros”. Conseguir ver para além da nebulosa que paira no ar, ver o jogo debaixo do pano e compreender a dinâmica política do momento ajuda-nos a melhor decidir. Neste momento, há “Comandantes do barco” que estão a prazo e “marinheiros” a pisgar o seu lugar.

Ser governante não é para qualquer um. Para se ser um bom governante é preciso ter-se visão, ser-se competente, ter inteligência, postura, muita paciência, praticar a escuta ativa, acreditar verdadeiramente na democracia e nos princípios democráticos como o melhor sistema para o desenvolvimento das sociedades. Ter espírito de missão, querer verdadeiramente resolver os problemas da população e querer deixar um legado do seu conhecimento e do seu trabalho na sociedade. Perante cada candidato pergunte-se: o que pretende ele com o poder?

O “quero, posso e mando” é perigoso para a liberdade e a democracia e é incompatível com a prática da escuta ativa, com a capacidade para ouvir com atenção e humildade o que todos têm a dizer, porque o que está em causa é “cuidar” de um lugar e das pessoas o melhor possível. A tomada de decisões faz parte das funções, mas porque governam bens e dinheiro público têm o dever de justificar e explicar as suas decisões, respeitando sempre a lei e a dignidade da pessoa humana.

Jogar areia para olhos é técnica recorrente de quem está perdido na governação. Estou cansada de ouvir o PSD-Madeira acusar este ou aquele de se ter pronunciado contra o uso obrigatório das máscaras. Vamos lá esclarecer o que realmente se passou. O Governo na sua atrapalhação inicial decidiu decretar o uso obrigatório de máscaras na Região sem obedecer aos procedimentos legais necessários para tal. Situação que só foi corrigida após vários alertas sobre a ilegalidade de como estavam a fazer as coisas. Sabem o que acontece quando um Governo faz tudo o que quer sem respeitar a lei? A Venezuela é um bom exemplo disso. Depois disto, vai nesta cantiga quem quiser.

Aproveito para alertar que a vacinação não impede a contração da doença e contágio a outros. Por isso, todos devem continuar a manter o uso correto da máscara e ter hábitos de desinfeção das mãos. Noto muito desleixo por parte de demasiadas pessoas. Não admira o aumento de casos.

Usar da arrogância, gozo, piadas de baixo nível, posturas de falso intelectual escondem inseguranças e técnicas para evitar o debate sério das questões. E isto são técnicas recorrentes na Assembleia.

Não posso, por isso, deixar de repudiar o que se passou no passado dia 1 de julho, o Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses. A cerimónia de comemoração roçou a vulgaridade pela falta de respeito demonstrada por alguns membros do Governo em plena Sessão Solene. Esqueceram-se do que representa o dia 1 de julho? Esqueceram-se que o dia comemora o reconhecimento da autonomia político-administrativa concedida à Região pela Constituição Portuguesa de 1976, depois do 25 de abril? E o que vimos?

Vimos um Secretário Regional da Saúde rir aquando do discurso do representante do JPP, que criticava a atuação do Governo na área da saúde e enunciava alguns exemplos do que tinha feito no concelho de Santa Cruz na área da saúde, sobretudo no pagamento de cirurgias. As imagens da RTP-Madeira atestam esta atitude. O Secretário Regional da Saúde até podia discordar do que ali se dizia, mas deveria respeitar a cerimónia, o local e a opinião divergente. A máscara não tapou a sua desconsideração.

Continue a rir a 26 de setembro quando a população de Santa Cruz premiar o JPP por ter ajudado a sua população durante a pandemia, por pagar operações médicas urgentes, prestar apoio social e ter a coragem de isentar todos os comerciantes, inclusive dos mercados de rendas e taxas municipais.

Vídeos também circularam com o Presidente do Governo a dormir por ocasião do discurso do dr. Brício Araújo que representou o PSD na cerimónia. É esta a postura correta de um Presidente do Governo?

Foram também feitas denúncias por personalidades presentes na Sessão Solene de que Eduardo Jesus e Jorge Carvalho, Secretários Regionais do Turismo e da Educação, proferiram comentários impróprios como se fossem crianças/jovens com mau comportamento dentro de uma sala de aulas. As crianças/jovens têm consequências do seu mau comportamento. E os Secretários Regionais?

Afinal para quê querem estes senhores o poder? Avalie o leitor a qualidade destes “marinheiros” e o que representam. O surgimento de ditadores advém de ocorrências propícias para tal e de sucessivos e constantes atropelos à democracia. Nenhuma sociedade está imune a este fenómeno. E para a minha Madeira, eu não quero ditadores a governar.