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Violência na África do Sul agrava pandemia

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A consultora Capital Economics considerou hoje que a violência na África do Sul deverá levar a um abrandamento da atividade económica, principalmente devido à conjugação com as medidas de confinamento para conter a pandemia de covid-19.

"Pensamos que haverá um abrandamento modesto, e não uma queda da atividade económica e, mesmo assim, isto irá refletir principalmente o impacto da terceira vaga da covid-19 e o aprofundamento das medidas de contenção do vírus, mais do que a agitação social", escrevem os analistas da Capital Economics.

Numa nota sobre a economia sul-africana, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas britânicos sublinham que o maior impacto da violência que tem varrido o país vai centrar-se na posição orçamental do país.

"As finanças públicas estavam num mau estado à entrada para a pandemia e, apesar do impacto não ter sido tão severo como inicialmente se julgava, o défice das contas públicas ainda foi de 11% do PIB no último ano fiscal e a dívida disparou para 78,8% do PIB, o que levou o Governo a imprimir duras medidas de austeridade, com o congelamento dos salários dos funcionários públicos durante três anos", apontam.

A África do Sul tem vivido uma onda de violência no seguimento da detenção do antigo Presidente Jacob Zuma, mas o atual Presidente tem apontado as dificuldades económicas como a principal razão para os protestos, com a economia 3,7% abaixo do nível pré-pandemia, e o desemprego a subir para mais de 30%.

"Há claramente uma grande incerteza relativamente à agitação na África do Sul e sobre como isso vai evoluir, com o principal risco a ser o estado fragilizado da economia, que limita a capacidade do Governo para imprimir medidas de austeridade e colocar a dívida pública numa trajetória sustentável", concluem os analistas.

De acordo com um relatório oficial, pelo menos 117 pessoas foram mortas - incluindo 91 em Kwazulu-Natal - e mais de 2.000 presas durante esses seis dias de violência, segundo dados oficiis.

Os incidentes começaram na semana passada, um dia após o ex-presidente Jacob Zuma ter sido detido e condenado a 15 meses de prisão por desacatos à justiça.

Após a detenção, o país mergulhou numa série de protestos e pilhagens sem precedentes na história recente do país.

Estima-se que vivam cerca de 450.000 portugueses e lusodescendentes na África do Sul, dos quais pelo menos 200 mil em Joanesburgo e Gauteng, e 20.000 no KwaZulu-Natal, mas segundo o conselheiro português não há cidadãos nacionais entre as vítimas.

A África do Sul, o país mais afetado no continente pela pandemia de covid-19, contabiliza mais de 2,2 milhões de casos de infeção, dos quais resultaram mais de 65.000 mortes.