Responsáveis por violência na África do Sul procuraram instigar "insurreição popular"
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou hoje que aqueles que orquestraram as ações de violência no país, nos últimos oito dias, procuraram instigar uma "insurreição popular", depois da detenção do ex-Presidente Jacob Zuma, por desrespeito ao Tribunal Constitucional.
"Os responsáveis por estes atos tentaram provocar uma insurreição popular entre o nosso o povo", disse Cyril Ramaphosa, num discurso ao país transmitido pela televisão.
Durante vários dias, armazéns, fábricas e centros comerciais em Kwazulu-Natal (Leste) e na capital, Joanesburgo, foram alvo de pilhagens e destruição.
De acordo com a ministra da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, a situação na África do Sul estava "a voltar ao normal" de forma gradual, não relatando nenhum incidente nas últimas 24 horas na área de Joanesburgo.
Admitindo que o país estava "pouco preparado para uma operação orquestrada", Ramaphosa garantiu que "tudo será feito" para levar os responsáveis à justiça.
A violência que assola a África do Sul pelo oitavo dia consecutivo, já causou pelo menos 212 mortos e mais de 2.550 detenções.
Segundo o governo, a polícia está a investigar 12 pessoas suspeitas de estarem por trás da onda violência, tendo um deles já sido preso e "a vigilância reforçada para os outros 11".
"Desde a tarde de ontem, a situação nas duas províncias de Gauteng e KwaZulu-Natal está a regressar à normalidade gradualmente", referiu, em conferência de imprensa, a ministra na presidência Khumbudzo Ntshavheni.
Na área urbana de Joanesburgo, as autoridades sul-africanas contabilizaram mais seis mortes, elevando para 32 o número total de vítimas na província, e foram detidas mais 137 pessoas, o que totaliza 862 detenções em Gauteng, avançou.
Na província do Kwazulu-Natal, onde eclodiram as ações de violência, foram registados 1.488 incidentes durante a noite, havendo mais 69 mortes, totalizando 180 o número de vítimas mortais, disse a ministra Khumbudzo Ntshavheni.
O número total de detenções no KwaZulu-Natal ascende a 1.692, revelou.
O Presidente sul-africano considerou hoje durante o dia, à chegada à província do KwaZulu-Natal, que as ações de violência, saques e intimidação que causaram mais de duas centenas de mortos foram "instigadas, planeadas e coordenadas".
O ex-presidente Jacob Zuma, de 79 anos, ex-presidente do ANC, está preso desde 07 de julho no Centro Correcional de Estcourt, a cerca de 150 quilómetros da sua residência, em Nkandla, área rural do KwaZulu-Natal.
Estima-se que vivam cerca de 450.000 portugueses e lusodescendentes na África do Sul, dos quais pelo menos 200 mil em Joanesburgo e Gauteng, e 20.000 no KwaZulu-Natal, mas segundo um conselheiro da diáspora madeirense no país não há cidadãos nacionais entre as vítimas.
Cerca de uma centena de negócios de seis grandes empresários portugueses, incluindo filhos de madeirenses, no setor alimentar e de bebidas, foram saqueados e vandalizados.