África requer 100 mil milhões do Banco Mundial para ajudar países mais pobres
Mais de uma dezena de chefes de Estado e governantes, incluindo a ministra das Finanças de Angola, defenderam um reabastecimento de 100 mil milhões de dólares este ano para o Banco Mundial ajudar os países mais pobres.
"Treze chefes de Estado e de Governo africanos concluíram a reunião em Abidjan com um forte apelo à aceleração da recuperação económica no seguimento do choque da pandemia, aumento dos investimentos em capital humano e fortalecimento dos esforços para a criação de empregos", lê-se na declaração enviada à Lusa no final do encontro.
"Os participantes defenderam um reabastecimento robusto da Associação para o Desenvolvimento Internacional (IDA)", o braço financeiro do Banco Mundial para a ajuda aos países mais fragilizados e pobres, que deu o pontapé de saída do reabastecimento deste fundo até final do ano, com um valor indicativo de 100 mil milhões de dólares, cerca de 85 mil milhões de euros, até final deste ano.
O objectivo é mobilizar um envelope de reabastecimento de pelo menos 100 mil milhões de dólares durante os próximos três anos, "que será o maior da história", disse o Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, citado no comunicado.
"Esta é uma boa oportunidade para demonstrar que a solidariedade é efectivamente essencial para o bem de todos e que podem agir em conjunto para regressar ao caminho da convergência de rendimentos em que estávamos antes da pandemia, e construir um mundo seguro e mais próspero", acrescentou.
O volume de financiamento necessário para África ascende a cerca de 285 mil milhões de dólares, mais de 240 mil milhões de euros, nos próximos cinco anos para combater a pandemia, as alterações climáticas e acelerar a recuperação económica.
Angola, juntamente com a Guiné-Bissau e Moçambique, foram os três países lusófonos representados na reunião, na qual a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, salientou que "o conjunto de dificuldades [que os países africanos enfrentavam antes da pandemia] foi ampliado devido aos efeitos da pandemia e agora com a falta de acesso às vacinas o cenário só piora".
Num comunicado distribuído hoje pelo Ministério das Finanças de Angola, Vera Daves acrescentou ainda que "este cenário requer uma acção coordenada, ambiciosa e comprometida dos parceiros e doadores da IDA, das instituições multilaterais e também dos países africanos que ajudarão a apoiar e se beneficiar desta reposição" dos valores disponíveis para financiar os Estados mais pobres.
A IDA é uma das maiores fontes de financiamento para o combate à pobreza nos países de menor rendimento, conseguindo doações ou empréstimos com juros muito baixos, tendo financiado projectos no valor de 422 mil milhões de dólares (357 mil milhões de euros) em 114 países.
O continente africano já teve mais de seis milhões de pessoas infectadas com o novo coronavírus, do qual resultaram mais de 150 mil mortos, segundo os últimos dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).