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Maioria das redes sociais continua bloqueada em Cuba, quatro dias após protestos

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A maioria das redes sociais e plataformas de mensagens continuava ontem bloqueada no serviço de internet móvel em Cuba, quatro dias depois de protestos de milhares de pessoas contra o Governo terem sacudido o país.

O observatório da internet Netblocks anunciou ontem, numa atualização na rede social Twitter do seu relatório sobre Cuba após as manifestações de domingo, que às limitações à utilização do Facebook, WhatsApp e Twitter se somaram restrições na plataforma de vídeos YouTube.

"As restrições específicas poderão limitar o fluxo de informação a partir de Cuba, após os grandes protestos de domingo, nos quais milhares de pessoas se manifestaram contra as políticas governamentais e a inflação. As restrições mantinham-se hoje de manhã", lê-se no relatório.

O acesso à Internet é possível nos parques Wi-Fi públicos e também, embora com relatos de instabilidade, nos serviços Nauta e ADSL nas habitações, embora poucos cubanos possam permitir-se ainda uma ligação nas suas casas, devido ao seu elevado preço.

As telecomunicações em Cuba dependem por completo do monopólio estatal ETECSA, que só há dois anos e meio começou a fornecer o serviço de dados nos telemóveis.

Esse serviço ficou desativado no domingo, quando as manifestações dos cubanos alastraram a todo o país, impulsionadas por um vídeo em que vizinhos de San Antonio de los Baños (30 quilómetros a leste de Havana) saíram à rua para protestar contra a falta de alimentos e medicamentos e os cortes de eletricidade, no contexto de uma grave crise económica e sanitária.

Especialistas pensam que o Governo cortou a Internet para evitar que um fenómeno destes se repita, embora também considerem que a medida poderá ser contraproducente, aumentando o descontentamento da população em relação às autoridades.

Ligarem-se à Internet é, para os cubanos, uma via de escape à difícil situação que vivem e o principal canal de comunicação com familiares no estrangeiro.

Alguns jovens recorrem desde quarta-feira a engenhosos truques e à ajuda de plataformas VPN para recuperar o acesso às redes 3G e 4G nos seus dispositivos.

"Os serviços VPN, que conseguem contornar a censura da internet, continuam a ser eficazes para muitos utilizadores", refere a Netblocks.

Organizações internacionais e alguns Governos e dirigentes condenaram o Governo cubano por este apagão.

O governador do Estado norte-americano da Florida, Ron DeSantis, pediu na quarta-feira ao Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para fornecer internet ao povo de Cuba, e o principal assessor de Biden para a América Latina, Juan González, indicou que Washington está a trabalhar nisso.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, evitou na terça-feira, numa conferência de imprensa, explicar de forma explícita se o apagão da internet móvel é uma decisão do Governo cubano e atribuiu a situação à crise económica que se vive na ilha caribenha.