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Rei dos zulus apelou para regresso "à paz" na África do Sul

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O rei dos Zulus, Misuzulu Sinqobile kaZwelithini, apelou hoje para um regresso "à paz" na África do Sul, palco de pilhagens e distúrbios há quase uma semana, apontando que a violência "envergonha" os que a cometem.

"Apelo à paz", afirmou Misuzulu na televisão estatal e citado pela agência France-Presse. "Este caos está a destruir a economia e são os pobres os que mais sofrerão", acrescentou.

Os primeiros incidentes ocorreram na região zulu, onde o antigo presidente, Jacob Zuma, também zulu, foi preso na semana passada após uma condenação por desrespeito à justiça. A violência alastrou-se então para Joanesburgo.

"Apelo à nação zulu para que cesse todos os saques", afirmou o rei, 46 anos, que sucedeu ao seu pai, que morreu em março.

"Estamos a assistir a uma onda aterradora que varreu KwaZulu-Natal e todo o país. Penso que dá a imagem de um povo que perdeu a sua dignidade", lamentou, num discurso alternado entre zulu e inglês.

O jovem rei, que lidera simbolicamente quase 12 milhões de pessoas, acrescentou que "o povo" da sua nação "está a cometer suicídio".

O Governo sul-africano destacou 2.500 militares para apoiar a polícia a conter os distúrbios na província de origem de Zuma, KwaZulu-Natal, assim como em Gauteng, o motor da economia do país. Mas os protestos estendem-se a várias outras cidades da África do Sul, nomeadamente à Cidade do Cabo, onde vivem mais de 30.000 portugueses.

Os motins violentos, saques e intimidação, que eclodiram na quinta-feira na província litoral do KwaZulu-Natal, prosseguem pelo sétimo dia consecutivo apesar da presença do Exército no reforço aos meios policiais nas últimas 24 horas.

O embaixador de Portugal na África do Sul, Manuel Carvalho, instou na terça-feira os cerca de 450 mil portugueses residentes no país a "ficarem em casa" e a comunicar casos de emergência e de assistência consular ao Gabinete de Emergência Consular em Lisboa.

Em declarações à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmou que os serviços diplomáticos na África do Sul estão focados no apoio aos portugueses e voltou a pedir cautela à comunidade.

"Espero que os acontecimentos que estão hoje a afligir a África do Sul terminem o mais depressa possível", afirmou Augusto Santos Silva à Lusa, confiando que a normalidade regresse.

Vários órgãos de comunicação social sul-africanos relataram que a população civil se armou com armas de fogo, alguns até com espingardas automáticas e semiautomáticas, bloqueando acessos a bairros e montando "postos de controlo" para proteger negócios, residências e comunidades.

Pelo menos 72 pessoas morreram e mais de 1.200 foram presas pelas autoridades em incidentes de violência, saques e intimidação, que se alastram agora desde o Cabo do Norte à província de Mpumalanga, vizinha a Moçambique, segundo a polícia sul-africana.

O abastecimento de alimentos e combustível em partes de Joanesburgo começou a escassear no final de terça-feira.