Carlos Furtado deixa de representar o Chega no parlamento açoriano
O líder do Chega, André Ventura, anunciou hoje que retirou a confiança política ao presidente da direção regional nos Açores, Carlos Furtado, avançando que o também deputado deixa de representar o partido na Assembleia Regional.
"A direção nacional do Chega decidiu retirar confiança política ao deputado Carlos Furtado. A partir de hoje, logo que ratificado por toda direção nacional do partido no termos dos estatutos, o deputado Carlos Furtado deixará de representar o Chega nos Açores", afirmou Ventura em conferência de imprensa em Ponta Delgada.
André Ventura disse ainda esperar que Carlos Furtado, que esta manhã esteve na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, na Horta, ilha do Faial, renuncie ao mandato de deputado, manifestando intenção reunir com o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro (PSD/CDS-PP/PPM), para avaliar a solução governativa regional.
Carlos Furtado diz não ter condições para continuar a liderar Chega/Açores
O presidente do Chega/Açores, Carlos Furtado, disse hoje não ter condições para continuar a liderar o partido na região, referindo estar sob uma "grande carga emocional" que tem condicionado o seu trabalho à frente da direção regional.
O líder nacional do Chega criticou ainda a "excessiva subserviência" do partido ao PSD nos Açores nos últimos meses.
O Chega/Açores elegeu dois deputados na Assembleia Legislativa Regional: Carlos Furtado e José Pacheco.
O Governo dos Açores, de coligação no PSD/CDS-PP/PPM, é suportado no parlamento pelos partidos que integram o executivo e pela Iniciativa Liberal e pelo Chega.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do Chega, dois do PPM, dois do BE, uma da Iniciativa Liberal e um do PAN.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa Liberal (IL), somando assim o número suficiente de deputados para atingir uma maioria absoluta.
Carlos Furtado disse na terça-feira, na presença de André Ventura, não ter condições para continuar a liderar partido na região, referindo estar sob uma "grande carga emocional".
Hoje, André Ventura disse que aceitou o pedido de demissão do deputado e líder regional do partido.
Furtado afirmou, na terça-feira, estar a acusar "muito cansaço", uma vez que os "últimos meses" têm sido "extremamente desgastantes".
"Neste momento não posso, de forma nenhuma, envolver mais pessoas no projeto do Chega, enquanto não perceber que existem condições para essas pessoas estarem no partido sem serem enxovalhadas", apontou.
Num balanço da atividade parlamentar regional, Carlos Furtado assumiu que o trabalho do partido tem ficado "aquém das próprias expectativas".
"Reconheço que gostaria de fazer melhor. Tenho a certeza que o povo açoriano ambicionava mais do Chega", apontou.
Após as intervenções, estava marcado um "jantar-comício" num restaurante do concelho da Lagoa para as 20:30, destinado à "apresentação de candidatos autárquicos" do Chega na região, com a presença de André Ventura, segundo a nota de imprensa enviada pela assessoria de comunicação nacional do partido.
Segundo constatou a agência Lusa, André Ventura esteve no restaurante, mas abandonou o local não tendo regressado pelo menos até às 22:10.
Àquela hora, quando a Lusa abandonou o restaurante, não tinha sido anunciado nenhum candidato às eleições autárquicas e o líder do Chega/Açores, Carlos Furtado, jantava com um grupo de cerca de 15 pessoas.
A 03 de junho, foi anunciado que a direção regional dos Açores do Chega deliberou que a atividade parlamentar do partido "fica coordenada inequivocamente" por Carlos Furtado, líder do partido e da bancada parlamentar, "o único deputado mandatado para representar o partido".
Carlos Furtado foi reeleito presidente do Chega/Açores a 01 de maio, para um mandato de três anos.
As eleições para a liderança do Chega/Açores surgiram depois de, em 14 de março, ter sido tornado público que Carlos Furtado apresentara a sua demissão por causa de divergências com o deputado regional José Pacheco.