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África deve ser espaço estratégico para a Europa, alerta Paulo Portas

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O ex-líder do CDS Paulo Portas afirmou hoje, em Luanda, que África é "um continente que precisa de vários amigos", sublinhando que este deve ser um dos espaços estratégicos para a Europa.

"África é um continente que precisa de vários amigos. Vamos viver num mundo crescentemente polarizado ente Estados Unidos e China, um como potência incumbente, outro como potência desafiante", disse Paulo Portas, à margem da apresentação do estudo "Banca em Análise 2021" da consultora Deloitte Angola.

 "Parece-me evidente que África precisa que os americanos voltem, que os chineses não saiam e que os europeus percebam um dos espaços estratégicos para a Europa, por muitíssimas razões, é África", considerou

O jurista, professor universitário, ex-ministro e actual consultor de empresa deu também destaque à possibilidade de, no próximo ano, ser negociado o acordo de facilitação de investimento entre a União Europeia e Angola, na qual Portugal exerceu "uma boa influência" e que considerou ser bastante interessante para as duas partes.

"Acho que a Europa tem de olhar para África de um ponto de vista estratégico e em profundidade, e que os investimentos têm de implicar transferência de conhecimento e tecnologia para que África, mais rapidamente, crie as suas próprias oportunidades", sublinhou.

Paulo Portas observou ainda que, num mundo globalizado, "aqueles que querem exportar precisam de ter mercados abertos e aqueles que precisam de investimento precisam de apresentar as vantagens do seu país aos vários interessados", apontando o exemplo de Portugal que "tem expressado bem a diferença entre as suas alianças de segurança e as suas amizades em termos comerciais".

Questionado sobre a atratividade de Angola, considerou que o país tem feito um conjunto de reformas estruturais e em termos legislativos, de que destacou a estabilização da política cambial, cujos resultados não são imediatos.

"O caminho faz-se andando, as reformas não produzem efeito no dia seguinte, mas parece-me evidente que 2022 já vai ser um ano de crescimento e porá fim aos anos de recessão", indicou.

No encontro, Paulo Portas analisou a geoeconomia da pandemia e as diferenças no ritmo da recuperação económica entre três grandes blocos mundiais: Europa, América e Ásia, em particular a China face às circunstâncias pandémicas.

Para Paulo Portas, a rápida resposta de alguns países asiáticos a esta emergência prende-se com a "memória pandémica" de outras crises deste século face à Europa e EUA, "que actuaram muito tarde".