Governador condena violência sem tréguas em Joanesburgo
O governador da província sul-africana de Gauteng, David Makhura, condenou hoje as ações de violência que afetam desde sábado várias áreas de Joanesburgo após a prisão do ex-Presidente do país, Jacob Zuma.
"Gostaria de aplaudir a polícia pelas detenções e por manter a situação calma. A polícia deve continuar o seu dever de proteger vidas e a propriedade sem receio", disse o político do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder na África do Sul desde 1994, citado pela imprensa sul-africana.
Numa altura em que a África do Sul contabiliza 2.195.599 infeções por covid-19 com mais 16.302 novos casos e 151 óbitos associados à doença registados nas ultimas 24 horas, segundo as autoridades de saúde, a polícia sul-africana relatou a continuidade das ações de violência na noite de hoje em pelo menos 10 áreas de Joanesburgo, com várias viaturas incendiadas, incluindo no centro da capital económica do país, descrita como "zona de guerra".
A maioria da comunidade emigrante portuguesa no país, estimada em 450 mil pessoas, reside em Joanesburgo, a maior cidade do país, na província de Gauteng, onde se situa também a capital da África do Sul, Pretória. "Várias estradas foram bloqueadas ao trânsito com pneus incendiados, pedras e entulho", adiantou a polícia metropolitana de Joanesburgo.
Pelo menos 62 pessoas foram detidas e vários agentes da polícia ficaram feridos este fim de semana na África do Sul por ações violentas aparentemente relacionados com os protestos contra a prisão do ex-Presidente do país Jacob Zuma, divulgou hoje a polícia.
As autoridades estão a investigar a morte de um homem de 40 anos morto a tiro, em Joanesburgo, durante os violentos protestos, disse uma porta-voz da policia à Lusa. Os incidentes perpetrados por simpatizantes do ANC começaram na quinta-feira na província litoral oriental do KwaZulu-Natal, vizinha a Moçambique, onde nasceu o antigo chefe de Estado sul-africano, após ter sido detido na quarta-feira à noite na sua residência, em Nkandla, pelas forças de segurança, para cumprir uma pena de prisão de 15 meses por desrespeito à Justiça.
Zuma, de 79 anos, que liderou o ANC de 2007 a 2017, foi considerado culpado por não obedecer à ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país, para comparecer perante a comissão que investiga alegações de corrupção no Estado sul-africano durante o seu mandato presidencial de 2009 a 2018.
Paralelamente, o antigo Presidente está também a ser julgado num caso que investiga corrupção, branqueamento de capitais e fraude, relacionadas com um negócio de armas multimilionário, assinado no final dos anos de 1990, na altura em que exerceu o cargo de vice-presidente da República (1999-2005) no mandato do ex-presidente Thabo Mbeki.