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Violentos protestos pró-Zuma em Joanesburgo fazem um morto

"Os acessos da autoestrada M2 ao sul de Joanesburgo e ao mercado de abastecimento de frescos à cidade, na área de Denver, aqui no Sul da cidade, onde operam cerca de 150 comerciantes portugueses, a maioria oriundos da Madeira, estão bloqueados, vários veículos foram alvejados a tiro esta manhã, a situação é neste momento volátil e perigosa, há armas de fogo", relatou hoje à Lusa o conselheiro português José Luís da Silva, residente no sul de Joanesburgo

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Um indivíduo de 40 anos foi alvejado mortalmente a tiro, em Joanesburgo, durante violentos protestos de apoio ao ex-Presidente Jacob Zuma que afetam várias áreas da capital económica do país, confirmou hoje uma porta-voz da Polícia sul-africana à Lusa.

A porta-voz policial adiantou que as autoridades estão a investigar as circunstâncias da morte enquanto se alastram os violentos protestos à província de Gauteng, província envolvente a Joanesburgo, a capital económica do país, onde reside a grande maioria da comunidade emigrante portuguesa estimada em 450 mil pessoas.

A Polícia sul-africana disse ter usado granadas de atordoamento e balas de borracha para fazer dispersar os violentos protestos de apoio ao ex-presidente Jacob Zuma em várias áreas de Joanesburgo onde se intensificaram também nas últimas horas.

A violência pública, intimidação roubos e pilhagens, alegadamente por simpatizantes do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), aliados do antigo chefe de Estado, afetam várias áreas industriais e residenciais, segundo as autoridades sul-africanas.

"Os acessos da autoestrada M2 ao sul de Joanesburgo e ao mercado de abastecimento de frescos à cidade, na área de Denver, aqui no Sul da cidade, onde operam cerca de 150 comerciantes portugueses, a maioria oriundos da Madeira, estão bloqueados, vários veículos foram alvejados a tiro esta manhã, a situação é neste momento volátil e perigosa, há armas de fogo", relatou hoje à Lusa o conselheiro português José Luís da Silva, residente no sul de Joanesburgo.

"A Polícia isolou a área na tentativa de conter a violência, o vandalismo e a pilhagem que se assiste próximo ao City Deep", declarou o conselheiro, sublinhando que de momento não há relatos de violência contra membros da comunidade portuguesa em Durban e Joanesburgo.

"Não tenho conhecimento de ocorrências em Durban e neste momento, aqui em Joanesburgo, desconhece-se se há estabelecimentos comerciais portugueses afetados pela violência embora, na Jules Street, onde a grande maioria dos negócios é de portugueses da ilha da Madeira, os distúrbios são violentos, tendo havido já incêndios e tiros", avançou.

Os motoristas foram alertados na manhã de hoje para a continuidade das ações de pilhagem, vandalismo e queima de pneus na autoestrada nacional N3, que liga Joanesburgo e Durban, depois de mais uma noite de protestos violentos.

Desde sexta-feira, foram incendiados mais de 25 veículos pesados de transporte de mercadorias, segundo a autoridade concessionária.

Em comunicado, a que a Lusa teve acesso, o Comando Nacional Conjunto Operacional e de Inteligência (NatJOINTS, na sigla em inglês) da Polícia anunciou na manhã de hoje a detenção de cerca de 62 pessoas até ao momento, em Joanesburgo e na cidade portuária de Durban, província do KwaZulu-Natal, vizinha a Moçambique, à medida que as forças de segurança sul-africanas tentam conter os protestos violentos no país, que começaram por eclodir na quinta-feira no KwaZulu-Natal.

Os manifestantes apelam para a libertação imediata do ex-Presidente Jacob Zuma, que foi detido na noite de quarta-feira depois de ter sido condenando na semana anterior a 15 meses de prisão por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.