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Manifestantes desafiam ONU a agir face a ataque a direitos humanos na Argélia

Foto EPA/MARTIAL TREZZINI
Foto EPA/MARTIAL TREZZINI

Cerca de 300 argelinos manifestaram-se hoje nas ruas de Genebra, na Suíça, desafiando a Organização das Nações Unidas (ONU) a responder aos reiterados ataques aos direitos humanos na Argélia.

Entre cartazes com o slogan "abaixo a ditadura" ou gritos pela libertação de "prisioneiros de consciência", os manifestantes marcharam até à sede do Alto Comissariado, onde decorre até terça-feira a 47.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

"Viemos denunciar as prisões arbitrárias, as torturas e as repressões", referiu Assia Guechoud, que ajudou a organizar a marcha, lamentando que esses atos "tenham aumentado nos últimos meses" e haja "cada vez mais relatos de tortura".

Alguns dos manifestantes estavam vestidos com macacão laranja de prisioneiro e tinham as mãos e os pés algemados, enquanto outros puxavam uma grande carruagem de madeira, na qual estava sentado um homem com máscaras dos rostos de Emmanuel Macron e Abdelmadjid Tebboune, chefes de Estado francês e argelino, respetivamente.

Nascido em fevereiro de 2019, na sequência de uma rejeição popular sobre um quinto mandato presidencial de Abdelaziz Bouteflika, o anterior Presidente da Argélia, o movimento Hirak tem criticado Macron pelas relações cordiais mantidas com Tebboune.

Determinado a desmantelar esse movimento, que tem exigido mudanças radicais no sistema governamental em vigor desde a independência do país, em julho de 1962, as autoridades argelinas já proibiram manifestações e elevam o número de detenções e de processos judiciais contra ativistas, opositores políticos, académicos e jornalistas.

Em 11 de maio, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse estar "cada vez mais preocupado" com a situação na Argélia, onde vários direitos fundamentais, como o direito à liberdade de opinião ou de reunião pacífica, "continuam a ser atacados", em alusão à interdição de realização de marchas estudantis.

"Estamos a pedir à ONU uma comissão para investigar a situação dos direitos humanos, especialmente nas prisões, e que a alta comissária Michelle Bachelet coloque mais pressão sobre o regime argelino para libertar os detidos", explicou Assia Guechoud.

Em 04 de julho, Abdelmadjid Tebboune ordenou a libertação de jovens detidos por terem apelado ou participado em manifestações, no âmbito do movimento Hirak, numa medida de clemência tradicional na véspera de cada aniversário da independência da Argélia.

"Só 15 dos 18 detidos que deviam ter sido libertados no domingo foram soltos", afirmou, contudo, o vice-presidente da Liga Argelina para a Defesa dos Direitos Humanos, Said Salhi.