Movimento 'Servir o Benfica' quer eleições e não 'reconhece' Rui Costa
O movimento 'Servir o Benfica' disse hoje que Rui Costa não goza do direito de se autoproclamar presidente do Benfica, na medida em que não existe uma renúncia ao cargo por parte de Luís Filipe Vieira.
"Dado que Luís Filipe Vieira não renunciou oficialmente ao mandato, não confere o direito a Rui Costa de se autoproclamar" presidente do Sport Lisboa e Benfica, refere o movimento em comunicado.
O 'Servir o Benfica' integra Francisco Mourão Benítez, candidato à presidência da Mesa da Assembleia Geral na lista de João Noronha Lopes, e é o movimento que está na base de um pedido de Assembleia Geral extraordinária, não marcada, e que levou, anteriormente, ao pedido de demissão de Rui Pereira, antigo presidente da AG, por falta de apoio da direção, liderada por Luís Filipe Vieira.
No comunicado de hoje, o movimento explica a razão pela qual Rui Costa não tem legitimidade para assumir o cargo nas condições em que o fez [na sexta-feira à noite], e que Luís Filipe Vieira "deve demitir-se inequivocamente de forma imediata de todos os cargos que ocupa no Sport Lisboa e Benfica, bem como das empresas do Grupo Benfica".
"É pouco verosímil acreditar no desconhecimento dos factos [das acusações que pendem sobre Luís Filipe Vieira] pelos restantes elementos dos órgãos sociais. Se tal desconhecimento se confirmar, não abona em favor da competência necessária ao desempenho de funções no maior clube português", acrescentam.
Na mesma nota, o movimento entende que "os órgãos sociais [em exercício] podem e devem garantir a preparação das épocas desportivas do futebol e das modalidades", mas que até outubro devem verificar-se eleições, que legitimem os órgãos sociais.
Mas antes disso, o movimento requer uma outra AG extraordinária, antes da eleitoral pedida até ao final de outubro, que aprove um regulamento eleitoral, situação que dizem será pedida em breve ao presidente da Mesa da AG.
Luís Filipe Vieira, de 72 anos, é uma das quatro pessoas detidas, sob suspeita de estar envolvido em "negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades".
O empresário comunicou na sexta-feira a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica, "com efeitos imediatos", por intermédio do seu advogado, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Em causa estão "factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente" e suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento".
Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como 'o rei dos frangos'.