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Somos do tamanho dos nossos Sonhos

Com a chegada de mais um verão há ciclos que naturalmente se cruzam e terminam. O fim do ano letivo é, não raras vezes, propulsor das etapas e das opções de vida dos mais jovens.

Todos aqueles que terminam os seus ciclos formativos, tanto no secundário como no superior, vêem-se a braços sobre qual o próximo passo, que rumo darão às suas vidas. Em virtude de várias mudanças sociais, de forma geral, os jovens vêm o Mundo como a sua casa estando disponíveis para diversas aventuras profissionais e profissionais. Não só pela oportunidade de ganharem mais dinheiro, mas sobretudo para contatar com a azáfama e movimento das grandes cidades.

Neste sentido, a oferta do Governo Regional da Madeira em políticas de Juventude tem procurado responder a estes anseios. Se, nos últimos anos, se têm criados programas como os “Estágios de Verão” e, mais recentemente, o Programa Ingress@ que facilita a primeira experiência de trabalho aos jovens recém-licenciados ou mestrados terminados os seus cursos, os programas de intercâmbio letivo de curta duração, através das Escolas, têm-se revelado fundamentais para que as novas gerações alimentem o espírito cosmopolita que lhes é reconhecido.

Porém, o mundo mais aberto e global a partir de casa nem sempre foi apanágio ou de acesso fácil aos madeirenses. Tudo isso só foi possível com a Autonomia. Da mesma forma que a conclusão de um ciclo letivo concretiza a realização pessoal daquele que o termina, a Autonomia é a realização coletiva de um Povo que diariamente aproveita as consequências positivas de um processo de “abertura” e emancipação dos Povos Insulares. A Autonomia é o processo dinâmico e reformador que permitiu, às gerações nascidas e formadas nas últimas 4 décadas na Madeira, um mundo mais aberto, plural e de acesso a coisas que hoje consideramos dados adquiridos.

As gerações nascidas, tal como eu, no fim dos anos 90`/início dos anos 2000, viveram uma Madeira cosmopolita e arejada em que não era preciso uma manhã ou uma tarde para ir do ponto A ao ponto B.

Manter a modernidade destas terras é, sob o ponto de vista coletivo, um desígnio semelhante ao que os mais novos tem de decidir quando terminam os seus ciclos formativos. Muito mais, para uma geração que aprecia a qualidade de vida (seja no ambiente, mobilidade ou salubridade das suas cidades) de forma incomparavelmente superior a qualquer geração. Qualidade essa que reconhecidamente a Região Autónoma da Madeira tem para oferecer.

O desajustamento gritante que há entre a “facilidade” da formação e as “oportunidades de vida” como conseguir um emprego, comprar uma casa ou constituir uma família, são o verdadeiro motivo pelo qual a luta pela Autonomia deve ser uma batalha dos mais novos. Só com mais instrumentos de decisão, podemos reverter as decisões que não dependendo de nós nos afetam, diariamente.

Com a globalização e digitalização das economias, é hoje possível trabalhar para São Francisco diretamente de São Vicente ou da Ponta do Sol. Por muito que isto seja óbvio para as novas gerações, nem sempre o é para as gerações que em idade ativa viveram num mundo completamente diferente. Em que as “viagens de negócios”, as reuniões e as apresentações sempre se revestiram de um carácter mais humano que profissional. Em que a palavra valia/vale mais do que um contrato.

A responsabilidade de lutar coletivamente para uma sociedade melhor é, paradoxalmente, dos mais novos. São estes que podem trazer as novas ideias, os sonhos e projetos que modernizarão as nossas vidas. No entanto isso dependerá sempre daquilo que estamos dispostos a fazer, afinal somos “apenas” do tamanho dos nossos Sonhos.