Identificados mais de 3.900 menores separados dos pais durante administração Trump
A atual administração norte-americana do Presidente Joe Biden indicou ontem ter identificado mais de 3.900 crianças migrantes que foram separadas dos respectivos pais na fronteira entre os Estados Unidos e o México durante a liderança de Donald Trump.
A anterior administração dos Estados Unidos da América (EUA), liderada pelo republicano Donald Trump, adotou uma política migratória de "tolerância zero", com particular incidência na imigração irregular, o que levou a que muitas crianças fossem separadas dos respetivos progenitores em plena fronteira e que ficassem sob a custódia das autoridades em instalações governamentais, cujas condições foram frequentemente denunciadas como impróprias por organizações não-governamentais (ONG).
Esta ação da administração Trump gerou uma condenação generalizada.
A 'task force' (grupo de trabalho) criada pela administração Biden (que assumiu funções em janeiro passado) para a reunificação destas famílias informou ontem ter identificado 3.913 menores que foram separados dos pais na fronteira norte-americana entre 01 de julho de 2017 até ao final do mandato de Trump (no início de 2021).
O número divulgado é inferior às mais de 5.500 crianças que foram identificadas pela organização American Civil Liberties Union (ACLU) em processos judiciais e com base em dados governamentais.
O grupo de trabalho precisou que identificou "quase todas" as crianças que foram separadas ao abrigo da política migratória de "tolerância zero" de Trump, acrescentando, porém, que vai ainda rever outros 1.723 casos, o que irá elevar para 5.636 o número de processos examinados, ou seja, mais próximo da contagem apresentada pela ACLU.
A discrepância nos números poderá estar associada a uma decisão do tribunal federal de San Diego, na Califórnia, que excluiu os processos de 1.723 crianças migrantes, crianças estas que durante a política de "tolerância zero" de Trump foram separadas dos pais por outras razões, como risco de ameaça para o menor ou questões relacionadas com a filiação.
A 'task force' também vai tentar determinar se crianças foram separadas durante os primeiros seis meses da Presidência Trump, que começou em janeiro de 2017, período que não está abrangido pela contagem da ACLU.
Como tal, o número final de crianças migrantes que foram separadas dos progenitores ainda pode aumentar.
Das 3.913 crianças agora identificadas, 1.786 já regressaram para junto de pelo menos um dos progenitores, a maioria ainda durante a administração Trump.
Os pais de outras 1.965 crianças já foram contactados, enquanto o paradeiro de outros 391 progenitores ainda não foi possível determinar, segundo os dados fornecidos pelo grupo de trabalho, citados pela agência norte-americana Associated Press (AP).
Muitos menores foram entregues a outros membros da família.
Os dados desta nova 'task force' revelaram igualmente que cerca de 60% das crianças separadas durante a política de "tolerância zero" da administração Trump eram da Guatemala (2.270).
Crianças das Honduras (1.150), El Salvador (281), México (75), Brasil (74) e da Roménia (23) também figuram na lista.
A administração liderada pelo Presidente democrata Joe Biden prometeu reunir os pais que ainda estão separados dos respetivos filhos, mas o ritmo da reunificação destas famílias migrantes tem sido, até à data, lento, segundo referiu a AP.