O regresso dos fantasmas
Com o aproximar de eleições volta o fantasma da extrema-direita a pairar em tudo quanto é Comunicação Social no continente e o pavor de um regresso a uma ditadura.
Se não fosse hilariante até seria revoltante darmos conta de que nesta altura do campeonato ainda exista uns demagogos a julgarem que o povo ainda vive no obscurantismo salazarista ou já não esteja vacinado contra este regime promiscuo e “anónimo” que muitos acomodados (por serem beneficiados) teimam em chama-lo de democrático e socialista.
Salazar instaurou e manteve uma ditadura porque em muitos países europeus elas vigoravam nessa altura, incluindo na nossa vizinha Espanha.
Neste momento, sabemos – e eles também sabem - que nenhum PAÍS na Europa, nem os Estados Unidos, apoiariam uma ditadura de direita em Portugal. Agora de esquerda, isso sim, surgiam os mesmos que apoiam na Venezuela, Coreia do Norte e há décadas em Cuba.
O que pode estar em perigo, – com uma mudança de orientação política – são as benesses, os salários milionários, reformas principescas, privilégios e mordomias, a par de uma quase total impunidade e uma permissão de comportamentos e atitudes que estão a indignar um povo e a desacreditar um País.
O que podia era surgir uma outra JUSTIÇA e um outro tipo de autoridade, que impedisse, por exemplo, a POLICIA – no cumprimento do seu dever – ser apedrejada, insultada e denegrida, como se vê.
Que os corruptos vivessem “como peixes na água “falando com sarcasmo e desdém de Instituições, no fundo, gozando do povo e do País.
As pessoas de se verem no dia-a-dia confrontadas com mais impostos e ameaçadas com coimas por faltarem ao pagamento ao Estado – por vezes míseras importâncias – quando veem prescritas dívidas de milhões às Finanças e à Segurança Social.
Podíamos deixar também de notar os que acusavam Salazar e seus ministros de saberem tudo o que de mal acontecia no País e nada fazerem, e agora ocupando os seus lugares, fingirem de que nada sabem do mal que se passa, fugindo a quaisquer responsabilidades.
Os casos de Pedrógão, do SEF, de Odemira – com escravatura à mistura – e até em situações onde estão em causa a saúde pública, bem o demonstram.
E poderia vir alguém que quisesse saber a razão de um País que obteve (e obtém) variados apoios da EUROPA, incluindo os milhões e mais milhões a fundo perdido e por empréstimo, ter um índice de pobreza assustador, grande parte das famílias endividadas e uma dívida externa (per- capita) simplesmente impagável pelas atuais gerações.
Só que, para certos senhores, o importante não é acabar com estes estados de coisas, mas abanar o “fantasma da ditadura”, pensando com isso ganhar votos que lhes permita continuar este “regabofe” eternamente.
Para nós, o perigo para essa gentinha é se em vez de um “ditador” surge alguém disposto a mudar certas mentalidades e vícios que o 25 de Abril,infelizmente, foi incapaz de o fazer.
Na Europa e no Mundo, -como se sabe - existem DEMOCRACIAS alicerçadas na LIBERDADE, mas que não dispensam a ordem, o rigor e a disciplina, e não fazem distinção entre governantes e governados, políticos e não políticos, ricos e pobres, quanto ao cumprimento das LEIS e da JUSTIÇA.
Se estes “apavorados” contribuíssem para este tipo de DEMOCRACIA iriam ver que os fantasmas dessa tal “extrema – direita” desapareceriam naturalmente.
Se bem que, quanto se chama para junto do PODER “extremistas de esquerda”, arriscamo-nos ao aparecimento de “extremistas de direita” para o contrapoder.
Juvenal Pereira