“Convicções” de André Ventura

André Ventura (AV) no congresso do Chega reafirmou a sua atual “convicção” na defesa das causas da direita ultra-conservadora, falta saber se durará tanto como a sua anterior “convicção” com os princípios da social-democracia. Para agradar à falange mais extremista não hesitou em recorrer a uma insinuação torpe ao

afirmar que “Se com Passos Coelho houve um ex-primeiro-ministro preso, talvez com André Ventura houvesse vários dirigentes de esquerda presos em Portugal porque roubaram este país até ao tutano”. Ao invocar o nome de Passos Coelho (PC) como uma espécie de “escudo” político, AV evidenciou a sua cobardia política por não ser capaz de assumir em exclusivo a responsabilidade do que afirmou e que representa a negação da Justiça e do Estado de Direito, com a agravante de vir de um advogado que conhece a separação entre poder judicial e executivo, ao insinuar que PC teve como primeiro ministro algo a ver com a detenção de Sócrates, a qual foi exclusivamente do foro judicial. Não só mentiu o que não é uma novidade, como nos mostrou a sua “convicção” no que à Justiça diz respeito. Para AV se há “ladrões que roubaram o País” só os de “esquerda” é que deveriam ser “presos”, já que omitiu os outros nomeadamente os de “direita” aos quais provavelmente AV daria salvo-condutos e total impunidade. Na sua tese de doutoramento AV critica com igual “convicção” o crescente poder das polícias,

o populismo penal e a discriminação das minorias. Quando confrontado com as contradições entre o que defendeu nessa tese e o seu atual discurso político retorquiu que a tese é ciência e o discurso político opinião, dando-nos conta de mais uma “convicção” a de que os seus princípios “éticos” em política lhe permitem desdizer tudo aquilo que tenha dito no passado. As “convicções” de AV mudam conforme os seus objetivos políticos. Foi o que aconteceu ao perceber que não teria futuro político no PSD e trocou a social-democracia pelo ultra-conservadorismo.

Leitor identificado