Madeira

Floresta Laurissilva poderá ser declarada ‘bem natural classificado em perigo'

Pedido de associação ambientalista foi feito directamente à directora da UNESCO

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A Associação Cívica para a Defesa e Protecção da Floresta Laurissilva’ (DPFL) “solicitou à UNESCO”, directamente à sua directora, “o desenvolvimento de acções necessárias para a Declaração da Floresta Laurissilva da Madeira como ‘bem natural classificado em perigo’”.

A revelação foi feita esta tarde pelo presidente da DPFL, Célio Ornelas, em conferência de imprensa realizada no Caminho das Ginjas, em São Vicente.

Por considerar que “a tentativa de agressão ao património natural classificado pela UNESCO” justifica o “mais vigoroso repudio e determina acções objectivas e à escala da agressão”, mostrou-se confiante que “esta mudança de estatuto determinará outro tipo de atenção e enquadramento de gestão por parte da UNESCO que por intermédio da IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza desenvolverá abordagens e auditorias específicas a todos os aspectos da gestão deste bem classificado”, o dirigente ambientalista anuncia que “o acompanhamento técnico será outro, a atenção às ameaças receberá outro tipo de tratamento e a entidade gestora fica sob escrutínio directo e à escala internacional”.

Ciente que perder a classificação actual “é um risco”, lembra que “evitá-lo é responsabilidade da entidade gestora”, referindo-se ao Governo Regional e em particular ao Instituto de Florestas e Conservação da Natureza – IFCN.

Na conferência promovida para apresentar publicamente os conteúdos e objectivos da posição desta Organização Não Governamental para o Ambiente junto à UNESCO por causa do projecto de intervenção no Caminho das Ginjas, Célio Ornelas fez saber que além da denuncia e pedido de auxílio, primariamente dirigido à UNESCO, o mesmo foi remetido a outras entidades de relevância internacional.

O objectivo é também deixar claro que a Floresta Laurissilva da Madeira “não é um ‘bem’ disponível e materialmente manipulável em função de interesses de autarquias ou governos”, mas um bem “comum a toda a humanidade”. Perante a “responsabilidade enorme e de escala global”, denúncia a “falácia” que é alguns julgarem que “este pedaço de Floresta Laurissilva ou qualquer outro ‘pertencem’ a ‘donos’ ou morgados”.

Avisou ainda Miguel Albuquerque que “querendo ou não querendo”, como presidente do Governo Regional “tem e deve cumprir com as convenções internacionais e com os compromissos do seu governo para com as entidades classificadoras e contribuintes para a sua manutenção. Não lhe pertence a Floresta Laurissilva ou então assuma a sua desclassificação como património da humanidade, e assuma, quer queira quer não, as suas responsabilidades políticas e sociais”, desafiou.

Também por entender que “não podem prevalecer interesses mesquinhos”, Célio Ornelas denúncia “outras agressões” que estão a acontecer “no interior do perímetro classificado como Floresta Laurissilva”, apontando para “uma desmatação total de mais de 20.000 m2 de floresta” que ocorre nas imediações do Parque Empresarial das Ginjas, em São Vicente.

Contesta igualmente o Plano de Gestão da Floresta Laurissilva por entender que o mesmo permite fazer e aceitar tudo o que se queira, por entender que as regras de gestão deste plano contradizem a Convenção e demais legislação europeia e portuguesa.

“Não passa de um instrumento falacioso e daninho, pois permite estas agressões”, acusa.

Argumentos que culminaram com uma garantia: “A DPFL desafiará judicialmente este ‘instrumento’ de gestão assim como, denunciará à UNESCO e ao IUCN”.