Madeira

Pandemia continua a marcar quebras nos transportes no 1.º trimestre de 2021

Tirando a venda de veículos eléctricos ou os acidentes rodoviários, dados por terra, mar e ar apresentam-se ainda altamente negativos entre Janeiro e Março

Foto Arquivo/Aspress/Helder Santos
Foto Arquivo/Aspress/Helder Santos

O sector dos transportes, sejam eles terrestres, marítimos e aéreos, continuam a padecer com os efeitos da pandemia. Mas há excepções. A venda de veículos eléctricos disparou. Os acidentes nas estradas também diminuiu, mas isso é positivo. De resto, por terra, mar e ar não há um único sector que sai a sorrir dos primeiros meses de 2021, tal como já acontecera em grande parte de 2020, com a excepção dos dois primeiros meses em que a pandemia não fazia ainda mossa na nossa vida.

Assim, de acordo com a Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), que divulga hoje os dados do 1.º trimestre de 2021 para as diferentes modalidades de transporte, "estes números reflectem as medidas de controlo da pandemia implementadas no referido trimestre, apresentando variações negativas pronunciadas quando estabelecida a comparação com o período homólogo", assegura. "Com efeito, em 2020, as medidas restritivas apenas entraram em vigor na 2.ª metade de Março", recorda.

Transportes terrestres 

"De acordo com os dados apurados pela Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), os transportes colectivos por meio de autocarro contabilizaram no 1.º trimestre de 2021 um total de 3,8 milhões de passageiros", assinala. No entanto, "em comparação com o 1.º trimestre de 2020, observou-se uma redução de passageiros transportados de 37,4%. Nas carreiras urbanas foram transportados cerca de 2,3 milhões de passageiros (-41,0%) e nos interurbanos 1,5 milhões (-30,7%)".

Teleféricos com recorde

Nota para a maior quebra registada nos teleféricos, mas com uma justificação causada indirectamente pela pandemia. "Entre Janeiro e Março de 2021, venderam-se cerca de 12 mil bilhetes a utilizadores dos teleféricos da Região (-92,5% que em igual período do ano passado) sendo 68,4% para adultos, 4,5% para crianças e os restantes 27,1% para outro tipo de utilizadores (ex. agricultores, residentes, estudantes, etc…)", aponta a DREM.

"As receitas totais dos primeiros três meses do ano não ultrapassaram os 67,8 mil euros, correspondendo a um decréscimo de 96,6% face ao trimestre homólogo", reforça. "As variações homólogas negativas decorrem da situação do COVID-19, assim como pelo facto de dois teleféricos do Funchal terem fechado para obras de manutenção (Fevereiro e Março de 2021)", meses ainda sob fortes restrições.

Carros novos

Já segundo a informação recolhida pela ACAP (Associação Automóvel de Portugal) junto do Instituto de Registos e Notariado (IRN) no 1.º trimestre de 2021 "foram registados 922 veículos novos adquiridos por residentes da RAM". Deste total 82,8% são veículos ligeiros de passageiros, 10,5% são ligeiros de mercadorias novos e 5,6% veículos pesados".

Transferências de registo

Ainda de acordo com a informação da Direção Regional da Administração da Justiça (DRAJ), as Conservatórias da Região registaram no 1.º trimestre de 2021 "a transferência de registo de 2.300 veículos automóveis usados, 84,3% dos quais ligeiros de passageiros e 14,1% ligeiros de mercadorias". E acrescenta: "Foram também registados 32 veículos pesados, cerca de 1,4% do total. Em comparação com o 1.º trimestre de 2020, o número total de registos diminuiu em 987, o que traduz um decréscimo homólogo de 30,0%."

Tráfego nas vias expresso e rápida

Também segundo os dados fornecidos pela Direção Regional de Estradas (DRE), "o tráfego rodoviário total no conjunto da Via Rápida e Vias Expresso de Janeiro a Março de 2021 caiu 16,3% face ao mesmo período de 2020, com este recuo a ser transversal ao tráfego de ligeiros (-16,2%) e de pesados (-20,2%)", evidencia. Aliás, "Janeiro e Fevereiro registaram quebras de 26,5% e 27,9% respectivamente, enquanto em Março houve um aumento de 13,8%, a que não será alheio o facto de na 2ª quinzena de Março de 2020 terem existido restrições à actividade económica mais severas que no mês homólogo de 2021", esclarece.

Por outro lado, "o tráfego médio diário rodoviário registado nos contadores da Via Litoral e Vias Expresso não ultrapassou os 759.061 veículos em 2021 (é necessário ter em conta que cada passagem no contador é contabilizada, pelo que cada viatura é contada, cada vez que passa pelo mesmo)", explica. "Na Via Rápida, no trimestre em referência, foram percorridos 91.086 mil km no 1.º trimestre de 2021".

Acidentes na estrada

Nota ainda para os acidentes, que apesar de números a lamentar, não podem deixar de ter um tom positivo, dada a quebra registada. Segundo "dados provisórios fornecidos pelo Comando Regional da Madeira da Polícia de Segurança Pública (PSP) mostram que no 1.º trimestre de 2021 foram registados 605 acidentes de viação com intervenção policial, tendo o número de vítimas sido de 206 (menos 34 que em 2020). Destas, 190 foram contabilizadas como feridos ligeiros, 14 como feridos graves e 2 como vítimas mortais", frisa.

Mais 34,5% de carros eléctricos em 2020

De acordo com dados recolhidos pela DREM junto da ACAP, "em 2020, foram adquiridos por residentes na RAM 166 automóveis totalmente eléctricos, representando um aumento de 30,7% face ao ano de 2019 (127 veículos). Àquele número somam-se ainda 56 híbridos elétricos plug-in a gasóleo ou gasolina", afiança, sendo que este ano os números deverão ser ainda mais animadores.

PRIME-RAM foi “balão de oxigénio” para concessionárias em tempo de pandemia

Isabel Rodrigues, directora regional da Economia e Transportes (DRET), participou, esta tarde, nas 'Conferências do Ambiente e Acção Climática', onde apresentou o Programa de Incentivo à Mobilidade Eléctrica na Região Autónoma da Madeira (PRIME-RAM).

Transportes aéreos

Voltando agulhas ao transporte aéreo, "os aeroportos da RAM registaram no 1.º trimestre de 2021 um total de 2.097 movimentos de aeronaves (aterragens e descolagens), uma redução de 58,5% face ao período homólogo", revela que o cenário é muito similar. "O número de passageiros transportados rondou os 117,7 mil, -80,8% que no mesmo trimestre do ano transacto". Aliás, "tanto o aeroporto do Porto Santo como o da Madeira contribuíram para esta quebra no movimento de passageiros, com variações homólogas negativas de 81,1% e 71,2%, respectivamente".

Já "no que diz respeito à carga aérea, observou-se nos aeroportos da R.A. Madeira, nos primeiros três meses do ano, um decréscimo de 16,8%, que foi transversal às mercadorias carregadas (-14,9%), e às mercadorias descarregadas (-19,7%)".

Transportes marítimos

Por fim, nos transportes marítimos, para começar "não existiu qualquer movimento de navios de cruzeiro no porto do Funchal no 1.º trimestre de 2021".

Navio-ferry

Já "no que respeita à linha Madeira-Porto Santo, o número de passageiros transportados no 1.º trimestre de 2021 foi de 8,8 mil, -57,2% que no mesmo período do ano anterior", realça. "Note-se que a ligação Madeira-Porto Santo retomou a operação apenas no início de Março", uma vez que o navio Lobo Marinho esteve em doca para a manutenção anual.

Mercadorias

"A variação do movimento de mercadorias nos portos da RAM no trimestre em referência foi globalmente negativa em comparação com o mesmo período do ano passado (-18,5%)", continua a DREM. "Para esta variação contribuiu em larga escala o decréscimo observado no descarregamento (-20,6%) de mercadorias. O carregamento de mercadorias também caiu 2,2%".

Marinas

Nem as marinas escaparam à razia. "De Janeiro a Março de 2021 registou-se a entrada de 120 embarcações de recreio nas marinas da Região, representando um decréscimo de 45,7% em comparação com o período homólogo", aponta. "Nestas embarcações contabilizaram-se 253 tripulantes e passageiros, menos 305 que no 1.º trimestre de 2020 (-54,7%)", conclui.