Tiago Brandão Rodrigues pede "estratégia sólida" para diplomacia desportiva da UE
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, vincou ontem a importância de se encontrar um caminho claro para o desenvolvimento da diplomacia desportiva como um pilar da ação da União Europeia (UE) no plano internacional.
Presente na conferência 'Can sport diplomacy contribute to building a stronger Europe in the world?', promovida pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), sob a tutela do Ministério da Educação e no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da UE, o governante enfatizou o "poder imenso" desta área na aproximação de povos e alertou para a necessidade de iniciar a discussão sobre os contornos de uma ação comunitária a este nível.
"Há, efetivamente, um papel - e um papel insubstituível e crucial - da diplomacia desportiva na construção de uma Europa mais forte e no robustecimento da sua relação com outros países e continentes", afirmou, complementando: "Torna-se ainda mais determinante discutir como pode o desporto contribuir para a nossa política externa, ajudando a promover os interesses e valores europeus no panorama global, que bem deles se encontra precisado."
De acordo com Tiago Brandão Rodrigues, a diplomacia desportiva pressupõe a existência de "atores de diferentes áreas" que trabalham de forma interligada. Apesar de ter sublinhado a dimensão histórica desta prática, recuando à "trégua olímpica" no tempo da Grécia antiga, o ministro da Educação defendeu que este é um conceito ainda "recente" no espaço comunitário e que é urgente fomentar o debate e construir uma estrutura de atuação.
"A partir daquilo que o desporto nos deu no passado, queremos olhar para o futuro, com uma estratégia clara para o papel do desporto no posicionamento geopolítico da UE", referiu, notando que o desporto "é uma forma muito relevante de disseminar os valores europeus" e que o seu poder para mudar o mundo "deve ser exponenciado com uma estratégia sólida, relevando o seu papel na transmissão de valores à sociedade".
Recorrendo a exemplos mais recentes, como o papel de Nelson Mandela na promoção do Campeonato do Mundo de râguebi de 1995 para a unidade da África do Sul pós-apartheid ou a junção da Coreia do Norte e da Coreia do Sul sob uma mesma equipa nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, o governante realçou o modo como o fenómeno desportivo pode levar a um mundo cada vez mais sustentável e justo.
"Que a diplomacia desportiva possa estar na frente da diplomacia europeia. Sabemos que o desporto tem tantas ou mais armas do que essas outras diplomacias: económica, cultural, etc., para que não seja um acontecimento lateral dessa diplomacia", observou, finalizando: "Não podemos esquecer a agenda 2030 e os objetivos de desenvolvimento sustentável. É inegável a contribuição do desporto para o desenvolvimento de muitos dos objetivos."
A conferência sobre diplomacia desportiva arrancou hoje em Lisboa, depois da reunião informal de Diretores-Gerais do Desporto da UE, e termina na sexta-feira.