Viva a Autonomia!
Boa noite!
Na vigília desta Autonomia que nos rege anima-me o lirismo que lhes vai na alma sempre que traçam metas para o futuro do regime. É tudo muito ambicioso no capítulo das intenções, mas tão frágil ao nível das realizações. É tudo aparentemente tão exequível, mas tão utópico. É tudo para ontem, mas passados anos a fio quase nada mudou.
Não é difícil adivinhar de quem é a culpa e o que será dito daqui a umas horas na sessão solene na casa da democracia e das leis, na cerimónia de entrega de insígnias, na missa e nos brindes.
A insistência na argumentação de sempre, a alergia a consensos e a teimosia incorrigível não nos leva longe, mesmo que tenhamos a consciência que as Autonomias Políticas foram justas conquistas que carecem de cuidado permanente, consistência assente em gestos sublimes, extrema capacidade diálogo e abundância de bons exemplos para o País problemático e desconfiado, nem sem sempre conciliado com as soluções portadoras de estabilidade, capazes de satisfazer as mais elementares necessidades dos cidadãos.
Faz-nos falta uma outra Autonomia.
Uma Autonomia ambiciosa em vez de fastidiosa, que tenha pacto com a verdade e vergonha da aldrabice e da corrupção.
Uma Autonomia pensada por visionários, liberta dos reacionários e dos precários da política.
Uma Autonomia unificadora, motivo de orgulho nacional, que dispense os becos propícios aos atentados de carácter e as hipocrisias políticas, mas percorra o caminho da concórdia, respeitando as diferenças e aproveitando os méritos de todos.
Uma Autonomia que inaugure mais o povo do que as coisas.
Uma Autonomia capaz de construir alternativas prontas para governar a coisa pública a qualquer momento em vez de remendar a manta de retalhos.
Uma Autonomia com plano e método que nos livre dos perigos da deriva alucinada e não esteja refém dos ciclos eleitorais.
Uma Autonomia, como se percebe, no limiar do impossível, que exige mais criatividade e menos calculismo, mais propostas e menos clientelismo, mais arrojo e menos incoerência.