Quem não cumpre no presente não merece ser futuro
Hoje, tal como no passado, é difícil compreender, ao certo, qual é o papel que a nossa oposição desempenha, a favor daqueles que os elegeram e da Região, entendida como um todo.
A favor do tal bem comum que é e que devia ser, sempre, prioridade, para todos aqueles que estão na política, ao serviço dos cidadãos. Diria mesmo o papel que aqueles que se dizem donos da verdade, apenas e só por serem, ainda, poder local, desenvolvem em prol dos Municípios que comandam (ou não), refugiados nas mesmas desculpas de sempre e nos mesmos argumentos gastos – a culpa é sempre dos outros – para nada fazerem e para não assumirem as suas responsabilidades.
Mas há responsabilidades a assumir.
Quanto mais não seja em nome do cumprimento das inúmeras promessas que foram feitas para garantir o poder e que, pasme-se, continuam maioritariamente por resolver, sendo, sempre – já o sabemos – por culpa do Governo Regional ou do PSD/M.
É preciso que se assumam responsabilidades em nome daquilo a que chamamos de credibilidade e confiança, valores que a oposição que ainda governa algumas das nossas Câmaras e Juntas de Freguesia tem deixado cair, convicta de que, além do mais, a memória dos madeirenses é curta. Mas não é.
E ainda há quem ouse falar de decadência. Decadente é o estado da cidade do Funchal, uma cidade que estagnou, a todos os níveis e onde não existe competência nem capacidade para gerir o presente e, muito menos, o futuro a que os Funchalenses legitimamente aspiram.
Uma cidade pautada por ritmos diferentes de desenvolvimento que chocam entre si – onde existem cada vez mais clivagens entre as zonas altas e a zona central – e onde, hoje, falta limpeza, falta cuidado, falta segurança, falta investimento, falta apoios a quem mais precisa, falta habitação condigna, falta emprego e falta visão estratégica.
O rol seria muito mais vasto, mas fico-me pela triste constatação de existirem, em pleno século XXI, famílias que (des)esperam há 3 anos por acesso à água potável, nomeadamente na zona do Galeão, em São Roque, a quem a autarquia continua, aos dias de hoje, sem garantir qualquer solução. Não será este o exemplo maior – ao qual se juntam, infelizmente, muitos mais – da decadência que impera no Funchal e que, levianamente, se atribui a terceiros? Julgo que sim.
A par da decadência, assiste-se, um pouco por toda a Região, a uma desenfreada corrida contra o tempo por parte daqueles que querem cumprir em 3 meses aquilo que não fizeram em anos, que chega a ser caricata. Desde que, claro, não se possa acusar o Governo Regional ou o PSD/M de impedir seja o que for, lá se avança com toda a força e pujança, como se de repente quem localmente governa mais parecesse estar no início do que no fim do mandato.
Obras que se recuperam à pressa dos panfletos eleitorais entretanto guardados na gaveta, medidas que chegam tarde e mal, apenas agora, para que no último mês estejam bem presentes na memória de quem vota, tantas outras estratégias de marketing e propaganda política que prometem mundos e fundos, fazendo tábua rasa do que aconteceu até hoje e garantindo, com pompa e circunstância, “que agora é que é”, numa postura que esbarra, todavia, na tal credibilidade e confiança que, aos poucos, foram deixando cair.
É caso para questionar, de forma legítima e até desprovida de todos e quaisquer interesses, o porquê de só agora avançarem. O porquê de, havendo capacidade para tal – porque existe – não houve outro tipo de resposta, de atuação. Diria até de compromisso com as pessoas.
Aliás, se dúvidas houvesse, a atuação dos Municípios ainda hoje governados pela oposição no respeitante à pandemia deixa bem evidente que havendo dinheiro como havia – veja-se, entre outros, o caso de Machico, em que o saldo de gerência relativo ao ano de 2020 das Contas do Município se apresentou positivo em cerca de 1 milhão de euros – o que faltou para fazer mais e melhor pela população foi apenas e tão só planeamento, visão e vontade política.
Nem sempre será fácil desmontar a imagem imaculada que muitos transmitem e que sabiamente mantêm e alimentam. Mas esse é também o nosso dever e desenganem-se os que pensam que, neste caso, a nossa motivação é meramente política ou partidária. Não, aqui, como em tantos outros exemplos que levariam meses a expor, o que nos move é a injustiça com que muitos Madeirenses têm vindo a ser tratados. A falta de visão e de capacidade com que se abraçam os desafios políticos, pensados e assumidos não para cumprir um papel que resulte a favor do bem coletivo, mas, sim, para saciar protagonismos individuais que não passam disso mesmo.
O que nos move são as expetativas que foram defraudadas por aqueles que quiseram o poder pelo poder, esquecendo-se, todavia, das responsabilidades que tinham a cumprir. A certeza de que somos capazes de fazer bem mais e melhor pela nossa população, pela nossa terra, por cada um dos nossos concelhos e freguesias.
A convicção firme – e cada vez mais reforçada – de que o projeto de desenvolvimento social e económico que defendemos e em que acreditamos vai muito para além daquilo que tem sido feito e vai, certamente, ao encontro do que as nossas gentes querem e mais precisam, neste momento.
É tudo isto que nos move e muito mais.
E, cada vez mais, a certeza de que Somos o Futuro.