Madeira

“Aquele que se alimenta das modas e dos valores do mundo tem a forma do mundo”, apontou D. Nuno Brás

O Bispo do Funchal apelou esta tarde a que encontremos na Eucaristia o conteúdo da existência e da forma de ser cristão

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Foto Rui A. Silva/ Aspress

A Sé do Funchal ‘encheu-se’ esta tarde para a solenidade do Corpo de Deus. Respeitando as limitações impostas pela covid-19, muitos foram os fiéis que não quiseram faltar a um dos momentos religiosos que marcam a vida cristã depois da Páscoa.

O Bispo do Funchal centrou a sua homilia no papel que Cristo, através da Eucaristia, poderá ter no dia-a-dia de cada cristão.

Lembrando que “perdidos no quotidiano, incapazes de nos deixarmos surpreender, de nos espantarmos diante do mundo, perdemos também a percepção do sublime que vem até nós”, D. Nuno Brás apelou a que nos maravilhemos “com a beleza, com a intensidade, com o sublime do amor divino” manifestado na Eucaristia. Só assim, a “própria fé se tornará mais forte”, lembrou.

Porque “a vida cristã assume o conteúdo e a forma da Eucaristia”, é em Cristo que os homens devem procurar transformar e a dar vida ao mundo contemporâneo.

“A forma da Eucaristia é aquela que nos é dada pelo acolhimento, pela gratidão, pelo serviço e pela esperança”, reforçou D. Nuno Brás.

“O mundo contemporâneo está cheio de si mesmo, das suas conquistas e capacidades. Tem dificuldade em sentir-se grato. Cada um procura colocar-se num pedestal mais alto que aquele que está a seu lado. Preocupa-se em mostrar que aquilo que conseguiu foi devido às suas próprias capacidades, e que nada deve, nem aos demais nem a Deus. Julgamos que a gratidão nos limita, nos torna menores. A Eucaristia, ao contrário, faz-nos perceber que todos somos devedores, de Deus e uns dos outros.”.

O Bispo do Funchal lembrou ainda que o ano pastoral que agora se vive, apesar de todas as limitações decorrentes da pandemia, está centrado no sacramento da Eucaristia.

E porque a situação sanitária que atravessamos não permitiu a realização do Congresso das Confrarias do Santíssimo que estava previsto, D. Nuno apelou a que a oportunidade seja aproveitada para reavivar o papel das diferentes associações de fiéis.

“Precisamos de as reavivar, de lhes proporcionar mais dimensão e força espiritual, como condição para reanimar a vida cristã nestas nossas “Ilhas do Santíssimo Sacramento””, apelou.

Estas associações, presentes em quase todas as paróquias da Madeira, e que “têm por objectivo a entre-ajuda dos cristãos na promoção e na vivência do culto eucarístico”, devem ser encaradas como uma forma de ajudar a ultrapassar as dificuldades do quotidiano.

“Deixemo-nos todos, irmãos, maravilhar por esta presença divina no meio de nós que é a Eucaristia. É o conteúdo da nossa vida cristã. É a forma da nossa vida cristã: feita de acolhimento da vontade de Deus e de acolhimento do próximo; feita de gratidão, de acção de graças; feita de serviço e de esperança segura”, apontou D. Nuno Brás.