Madeira

Joe Berardo detido por suspeita de fraude à CGD

Empresário madeirense é suspeito de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O seu advogado, André Luiz Gomes, também foi detido

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O empresário madeirense Joe Berardo foi detido esta manhã, bem como o seu advogado, André Luiz Gomes.

A TVI24 avançou que Polícia Judiciária e o Ministério Público estão a realizar esta terça-feira uma megaoperação para deter, com mandado emitido, o empresário madeirense por suspeitas de crimes como burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Joe Berardo é indiciado pela forma como conseguiu obter, em 2006, empréstimos da Caixa Geral de Depósitos que em 2015 ainda revelavam uma exposição da CGD à Fundação Berardo na ordem dos 268 milhões de euros em créditos malparados. 

Pouco depois, a PJ emitiu um comunicado: "A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e com apoio de outras unidades, em inquérito a correr termos no DCIAP, desencadeou no dia de hoje, em Lisboa, Funchal e Sesimbra, uma operação no âmbito de investigação, em curso, pela suspeita da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento", escreve na nota enviada para a redacção.  

À Lusa, fonte ligada ao processo confirmou as detenções de Joe Berardo e seu advogado em operação que visou "um grupo económico" que terá lesado vários bancos.

Em causa está a forma como  Berardo conseguiu dissipar património e dinheiro, através de outras empresas que criou para conseguir escapar aos credores.  Joe Berardo deve também milhões de euros a outros bancos, além da CGD. 

A investigação defende, lembra a TVI, que esses créditos ruinosos na CGD - de 350 milhões de euros para comprar  acções do BCP que rapidamente perderam valor - foram conseguidos através de uma relação privilegiada com o Governo da República, à data encabeçado por José Sócrates.

O Ministério Público estabelece também uma relação entre a concessão desses créditos e o facto de ter sido celebrado com o Governo um acordo para que 862 obras de arte da Fundação Berardo fossem expostas no Centro Cultural de Belém. 

A operação da PJ envolveu 180 profissionais, 138 da PJ, 26 da AT,9 do MP e 7 JIC.

Foram efectuadas 51 buscas, sendo, 22 buscas domiciliárias, 25 buscas não domiciliárias, 3 buscas em instituição bancária e 1 busca em escritório de advogado.

A investigação iniciada em 2016, identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime.

"A operação da PJ incidiu sobretudo num grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou 4 operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de Euros. Este grupo económico tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar", lê-se no comunicado da Polícia Judiciária. 

Actualmente este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao NB e ao BCP, tendo sido identificados atos passiveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património.