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Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos repudia assassinato de trabalhadores humanitários

Foto Fabrice COFFRINI/AFP
Foto Fabrice COFFRINI/AFP

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, manifestou ontem o seu pesar pelo assassinato de três trabalhadores humanitários da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) no estado etíope de Tigray, no norte do país.

As vítimas foram um trabalhador humanitário espanhol e dois etíopes, mortos numa ação pela qual o exército federal etíope culpou as forças da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF, na sigla em inglês), que negaram qualquer envolvimento.

Bachelet recordou que, acima de tudo, os trabalhadores humanitários e os defensores dos direitos humanos são civis que estão protegidos pelas regras do direito internacional e nunca devem ser visados.

A responsável exigiu que seja feita uma investigação sobre o crime e que os responsáveis sejam identificados e punidos.

A Alta Comissária revelou numa declaração que, para além da ocorrência destas mortes, o seu gabinete continua a receber relatos de violações graves e em larga escala dos direitos humanos na região.

As vítimas viajavam de carro na noite do dia 24 em direção às instalações de uma missão humanitária na cidade de Abi Adi, no centro de Tigray, quando os MSF perderam o contacto com os seus colaboradores.

O veículo foi encontrado vazio no dia seguinte e os seus corpos sem vida foram encontrados a poucos metros de distância, disse a organização não governamental.

O Tigray é palco de combates desde o início de 04 de novembro de 2020, data em que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército etíope para desalojar a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), o partido eleito que então governava o estado etíope no norte da Etiópia, e que vinha há vários meses a desafiar a autoridade de Adis Abeba.

Abiy justificou a operação militar como resposta a um ataque prévio das forças estaduais do Tigray a uma base do exército federal.

Desde o início do conflito, milhares de pessoas morreram e quase dois milhões foram deslocadas internamente, enquanto pelo menos 75.000 fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.