Engenheiro hospitalar quer "democratizar" Santa Cruz
Dírio Ramos é o candidato da CDU à liderança da autarquia santa-cruzence
Dírio Ramos, o engenheiro especialista na área hospitalar que tem colaborado em projetos do Governo Regional, como o do novo hospital da Madeira, é o candidato da CDU em Santa Cruz e tem como objetivo primordial "democratizar" o município.
"A Câmara Municipal de Santa Cruz é o caso máximo da anormalidade democrática porque é a única no país governada por dissidentes do PS e CDS, que conseguiram comprar o vereador do PSD, e é um município sem oposição", declarou o cabeça de lista da CDU à agência Lusa.
O município de Santa Cruz, contíguo a leste do Funchal, é o único na Madeira governado pelo JPP (Juntos pelo Povo), que detém seis dos sete vereadores. O PSD tem um eleito.
Nascido a 25 de abril de 1949, Dírio Ramos esteve na guerra colonial, pertenceu o Movimento das Forças Armadas e é militante do PCP desde 1970, "quatro anos antes da Revolução", afirmou com orgulho.
Entre os seus objetivos destacou a necessidade de acabar com "a desorganização do Plano Diretor Municipal, porque Santa Cruz não tem este documento desde 2014, nem fez ainda um diagnóstico do que está mal feito", nem tem um mapa de risco, o que, no seu entender "é uma situação que favorece as negociatas".
Defendeu igualmente a diminuição do Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI) e dá como exemplo o que acontece na freguesia do Caniço, onde o valor é equivalente ao que é pago em zonas consideradas nobres do Funchal.
O cabeça de lista comunista destaca a importância de "uma agricultura ambientalmente sustentável, biológica" e criticou os valores do Imposto Municipal de Transmissão que acabam por ser "superiores aos que o comprador paga pela aquisição dos terrenos.
Ainda observou ser "preciso água suficiente para a agricultura" no concelho e referiu o problema da "perda de água potável na rede do município que é a mais elevada da Madeira".
Dírio Ramos defende ainda a "organização da orla costeira", o que, no seu entender, deve passar pela "cooperação, colaboração e diálogo" com os outros municípios, visando facultar a "acessibilidade da população ao mar" e evitar que esta seja "cortada" cada vez que surge uma nova unidade hoteleira.
A necessidade de uma democracia participativa, a criação de espaços verdes na freguesia com maior índice de habitação, o Caniço, um plano integrado de transportes públicos, a construção de habitação a custos controlados para a classe média para evitar que encontre solução apenas nos fogos sociais, são outras das suas propostas.
Dírio Ramos tem colaborado ao longo dos anos com as autoridades regionais e sido mesmo responsável por projetos na área das estruturas de saúde, mas enfatiza que "amigos, amigos, negócios à parte".
"Uma coisa é a minha profissão, que levo muito a sério, e outra a minha militância. Sempre soube separar as águas", enfatizou, admitindo que "ver as obras no terreno do novo hospital da Madeira" e saber que deu o seu "contributo é uma questão de honra".
O engenheiro mencionou que levou "toda a vida a projetar hospitais", incluindo a nível nacional e trabalhou em projetos da responsabilidade das ministras da Saúde Leonor Beleza (PSD) e Maria de Belém (PS).
"Sempre exerci a carreira técnica com isenção e nunca confundi as águas", sublinhou.
Dírio Ramos já tem experiência autárquica porque exerceu, em regime de rotatividade com Artur Andrade, o cargo de vereador da CDU na Câmara do Funchal entre 2009 e 2013.
Encabeça a lista da coligação em Santa Cruz com a pretensão de eleger um vereador e mais representantes nas juntas de freguesia do concelho, concluiu.