Valores
Honestidade que obriga a viver e agir com ética e verdade; humildade que leva ao reconhecimento das falhas e dificuldades próprias
É frequente ouvir as pessoas referirem que vivemos numa época com falta de valores ou em que os valores já não são o que foram. Referem-se aos valores morais e éticos que há a tendência de pensar que, noutros tempos, regiam firmemente a vida das pessoas e informavam a consciência pessoal e social, guiando a maneira de agir de toda a gente.
Ora, por muito que nos custe acreditar, as sociedades humanas, ao longo das eras, sempre se queixaram de que a época em que viviam era menos boa do que “antigamente”.
O conhecimento deste facto não deve fazer-nos desculpar comportamentos abusivos, desonestos, desleais, desrespeitosos, atentatórios da liberdade, praticados seja por quem for: políticos, patrões, profissionais diversos, amigos, conhecidos, figuras públicas, o vizinho do lado…nós próprios.
Os valores são construções sociais que têm por objectivo orientar as decisões que somos levados a tomar pelo facto de vivermos em sociedade e pretendem garantir alguns princípios que orientem e rejam a sã convivência entre todos.
Quando uma sociedade, na sua significativa maioria, segue uma escala de valores aceite pela maioria, ninguém parece notar ou dar-se conta disso. Quando tal não acontece, é muito rápida a percepção de que as coisas “não vão bem”.
Acontece que, embora havendo valores que se mantêm, ou deviam manter, ao longo do tempo: respeito e consideração pelos sentimentos dos outros; honestidade que obriga a viver e agir com ética e verdade; humildade que leva ao reconhecimento das falhas e dificuldades próprias; empatia que nos permite entender os sentimentos das outras pessoas e agir em conformidade; senso de justiça que obriga a agir com integridade e igualdade; educação que faz com que sejamos cordiais e amáveis; solidariedade que nos faz tomar como nossas as dores alheias; ética que nos impele a viver de acordo com os valores morais, o modo como pensamos e utilizamos esses valores altera-se e varia em função dos tempos, da cultura, tradição, religião e educação.
É, pois, necessário que tenhamos a capacidade de auto-observação que permita que, apesar da natural flexibilidade e distanciamento dos valores e princípios éticos e morais que consideramos “sinais dos tempos”, possamos viver e relacionarmo-nos com os outros sem pôr em causa a nossa consciência e a nossa noção do bem e do mal, do certo e do errado, do justo e do injusto.
O importante é que, no final do dia, ao fazermos o balanço de mais uma jornada de vida não nos sintamos culpados de ter atentado contra os nossos princípios individuais, independentemente do ambiente onde estivermos ou da época em que vivermos.
Se isto fizermos todos, as naturais alterações que se geram no funcionamento normal de uma sociedade não porão em causa a nossa paz interior nem a nossa ética pessoal.