Candidato da CDU em São Vicente defende fim da subsidiodependência
Um comerciante natural de Braga que reside na Madeira desde 2000 e que quer acabar com a subsidiodependência para fazer face às dificuldades é o candidato da CDU à Câmara de São Vicente, no norte da Madeira.
"A política do 'tira o chapéu' e do envelope após tantos anos do 25 de Abril não deve existir porque todos devemos ser tratados de igual forma e com justiça", declarou António Baptista Monteiro à agência Lusa.
Antigo funcionário da PT, nascido em 13 de março de 1954 e militante do PCP desde 1974, o cabeça de lista comunista fixou-se na região depois de casar com uma madeirense.
Aceitou este "desafio autárquico porque sempre pautou a sua vida por valores, como o rigor", algo que "nem sempre se verifica e a autarquia de S. Vicente não foge à regra", afirmou.
Na sua opinião, as pessoas que atravessam problemas precisam de ajuda, mas é necessário "acabar com a subsidiodependência", responsabilizando o "sistema por resolver todos esses casos com subsídios".
Embora reconheça a gravidade dos problemas económicos que as pessoas e os empresários atravessam devido à pandemia da covid-19, opina: "Não podemos sobreviver à custa de subsídios. Temos de encarar os casos de forma real e frontal".
"Claro que preciso acabar com a pobreza, mas não podemos pensar que os subsídios vão continuar a ser distribuídos", reforçou, argumentando que até os apoios atribuídos pela União Europeia estão sujeitos a candidaturas.
Falando dos problemas daquele concelho, António Baptista Monteiro apontou o envelhecimento da população e o facto de a "juventude fugir para procurar outras alternativas".
Também referiu que, a concretizar-se a aposentação do atual médico de família que exerce no concelho, "mais de 2.000 pessoas vão ser afetadas" e defende ser imprescindível assegurar os cuidados primários de saúde naquele município.
Ainda considerou "inadmissível" a situação da falta de transportes que liguem as freguesias de Boaventura e Ponta Delgada ao centro do concelho, sobretudo para a população mais idosa que "precisa sair para descontrair".
Para resolver esta situação sugeriu a aquisição, por parte da a Câmara Municipal, de um minibus que efetue duas viagens de ligação por dia.
O candidato manifestou igualmente a sua preocupação com o problema da rega, mencionando que existiam dois tanques, que foram construídos com apoios comunitários, mas "um desapareceu e outro está enferrujado" e, "no verão, os agricultores não têm água".
O cabeça de lista comunista apoiou a necessidade de recuperar a estrada das Ginjas, que atravessa a floresta laurissilva, uma situação que tem gerado alguma polémica na região, indicando que o partido "não é contra modernizar".
Contudo, destacou que "a estrada deve ser arranjada, mas não nos moldes que a Câmara Municipal e o Governo Regional querem" e enfatizou que esta contribuiria para uma melhor "captação do turismo".
O candidato sustentou igualmente que a atual vereação que foi eleita como movimento Unidos Por São Vicente - que detém a totalidade dos vereadores (5) - "não procura solucionar os problemas" ao exercer a sua influência e poder que tem junto das entidades competentes.
"Um bom resultado nas próximas eleições é conseguir passar a mensagem, deixar as pessoas analisarem e conseguir mais votos que os obtidos pela CDU no último ato eleitoral", referiu, concluindo que o partido "tem provas dadas" na luta dos problemas das populações desde que sejam alertados.
S. Vicente é um concelho na costa norte da ilha da Madeira com uma superfície de 78,82 quilómetros quadrados, onde residem 5.723 pessoas (Censos 2011) distribuídas por três freguesias: S. Vicente, Ponta Delgada e Boaventura.
Neste momento estão anunciadas as candidaturas de José António Garcês (PSD/CDS), que é o atual presidente do município, Helena Freitas (PS), Alexandro Pestana (PTP) e José Carlos Gonçalves (IL) àquela autarquia.
Segundo a lei, as eleições autárquicas têm de decorrer entre setembro e outubro, mas ainda não há data marcada.