Madeira

Centro Interpretativo do Comboio do Monte inaugurado hoje no Funchal

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Foto André Gonçalves

A antiga estação do comboio do Monte, o único que existiu na Madeira, foi hoje inaugurada como centro interpretativo, com o presidente da Câmara do Funchal a convidar os madeirenses a um reencontro com a História.

"Faz precisamente hoje 109 anos que este edifício foi inaugurado originalmente com a ligação de comboio até ao Terreiro da Luta", lembrou o presidente da Câmara do Funchal, Miguel Silva Gouveira.

Nessa época, o comboio permitiu que a freguesia do Monte "prosperasse e florescesse", recordou ainda, fazendo votos para que a reabertura do espaço seja igualmente o "virar de página depois de tantos meses de pandemia" de covid-19.

O presidente da Câmara do Funchal, governada pela coligação Confiança (PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos!) disse ainda esperar que seja retomada a confiança no desenvolvimento económico e turístico de um local que classificou como "um dos 'ex-libris' da cidade".

O investimento de 400 mil euros compreendeu a aquisição do edifício, que custou 200 mil euros, segundo o autarca, projeto financiado em parte pelo Fundo De Turismo de Portugal.

Para o presidente do principal município da Madeira a obra não tratou apenas de reabilitar "um prédio que estava devoluto, que já colocava em risco a segurança de pessoas e bens e até questões de salubridade no Largo da Fonte", mas reabilitar "um marco na história para devolver à memória uma identidade".

A Câmara Municipal do Funchal procurou "reabilitar o espaço respeitando a identidade arquitetónica e a identidade histórica do edifício", que conta com dois pisos - um piso térreo, que incluirá um posto de turismo e um pequeno auditório, e um piso superior, onde estará patente até abril de 2022 uma exposição, acrescentou.

Após dessa data, referiu o autarca, serão apresentadas exposições rotativas "que tenham a ver com o comboio do Monte ou áreas que lhe estejam associadas."

O autarca deixou ainda um convite aos madeirenses para que se voltem a "reencontrar com a história" no Centro Interpretativo, estendendo o convite a todas as entidades e instituições que queiram utilizar o espaço como "um espaço democrático para mostrar o que de bom a Madeira tem".

A entrada no Centro Recreativo do Comboio do Monte será gratuita.

O caminho de ferro do Monte era constituído por uma cremalheira que percorria uma extensão de cerca de quatro quilómetros, ligando o Pombal (centro do Funchal) e o Terreiro da Luta, fazendo uma paragem na freguesia do Monte.

O primeiro troço foi inaugurado em 16 de julho de 1893, tendo sido prolongado até ao Terreiro da Luta em 1912 e efetuou a sua última viagem em abril de 1943, tendo restando como registo da sua existência as estações do Pombal e do Monte.

O processo de reabilitação da estação do comboio do Monte, começou em 2016, com a aquisição do edifício e "a posterior desocupação que foi bastante morosa".

Marta Teixeira, natural da Freguesia do Monte, relembrou as histórias do seu pai, atualmente com 95 anos, no único comboio que existiu no arquipélago.

"Antigamente levavam os [carros de] cestos do Terreiro da Luta ao Funchal. O meu pai atirava o cesto para dentro da carga do comboio para quando chegasse ao local de partida [Terreiro da Luta] poder ganhar o dinheiro do transporte como se o tivesse carregado às costas", contou, sublinhando que todos os trabalhadores do comboio eram da freguesia do Monte.