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Portugueses queixam-se de atrasos na entrega de passaportes e cartões do cidadão na Venezuela

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Vários portugueses queixaram-se no sábado da lentidão na entrega de passaportes e cartões de cidadão numa das jornadas extraordinárias em que foram entregues documentos a quase 600 pessoas, maioritariamente idosos, em Caracas.

Apesar da sessão começar pelas 08:00 (13:00 horas em Lisboa), vários estavam no local desde as 06:00 (11:00 horas em Lisboa) e falaram de dificuldades para fazer marcações 'online' para atendimento consular, em horário regular.

"É a segunda vez [segundo sábado] que venho. Na primeira vez tinha quatro pessoas pela frente quando me disseram que terminou o atendimento, que viesse hoje mais cedo", disse a portuguesa Beatriz de Andrade.

Em declarações à Agência Lusa, explicou que ia levantar o passaporte renovado há dois meses e meio dise que "é muito bom que façam isto [jornadas especiais] para entregar os passaportes, porque não se consegue fazer marcações pela Internet".

José Manuel Gomes Camacho, comerciante, disse já ter estado antes no consulado e que está "agradecido com o Governo português porque o serviço é gratuito".

"O mau, são os seguranças da porta. Há que dizer à senhora secretária ([de Estado das Comunidades, Berta Nunes] que lhes pague umas classes [formação] para que sejam mais humildes com os idosos, porque os tratam muito mal", disse.

A doméstica Maria Irene Sousa de Portal, foi ver se já chegou o Cartão de Cidadão que renovou em 06 de maio, quando viu "tudo tranquilo e que as pessoas respeitavam o distanciamento" social preventivo da covid-19.

Para José João Nóbrega Rodrigues, comerciante, era o terceiro sábado consecutivo que ia ao consulado tentar levantar o passaporte.

"Portugal deveria fazer o que fazem outros países, enviar os documentos por correio a quem não consegue fazer marcação pela página 'web', e cobrar por isso", disse.

Segundo o emigrante, os problemas de marcação e a longa fila para levantar os documentos está a a causar descontentamento entre a comunidade.

"As pessoas estão a pensar bloquear a avenida e chamar os meios de comunicação para que isto seja uma notícia internacional, para que Portugal tome medidas", disse, explicando que há três meses que não consegue aceder à página na Internet do consulado e que deveria haver duas filas, uma para o cartão de cidadão e outra para levantar o passaporte.

Armelinda Freitas, alfaiate, aproveitou o facto de estar de folga um sábado a cada 15 dias e foi tentar ver se chegou o passaporte.

Por outro lado, Maria Judite Faria dos Ramos, 80 anos, foi levantar o cartão de cidadão e o passaporte, mas acabou por desistir e vai tentar novamente na próxima semana porque "não pode estar de pé durante três horas".

"Que o Governo português seja mais consciente com os portugueses. Eu sou portuguesa, nasci lá, não sou venezuelana", desabafou.

A sua acompanhante, Maribel de Abreu, recomenda que fazer uma fila para idosos e mulheres com crianças ao colo, e outra para os mais jovens.

Contrariado, Adelino dos Santos, advogado, lamentou a situação e fez um paralelismo com o que acontece no país.

"Lamentando muito, caímos no mesmo da Venezuela (...) não há distanciamento social nem respeito pelos anciãos e temos que ficar calados. Desde 15 de outubro que me mudei para Caracas e estou à espera para poder aceder à página [do consulado] e pedir o passaporte", disse.

Este advogado recomendou que as marcações pela página na Internet fiquem apenas para quem não pode pagar pela emissão de um passaporte e insistiu que devem ser contratados mais funcionários.

"Se o problema é que faltam empregados, que os contratem, porque se pagamos 200 dólares [169 euros] pelo passaporte venezuelano, que cobrem igual, mas que nos deem a oportunidade de o pedir", disse.