Presidente afegão substituiu ministros do Interior e Defesa face ao avanço dos talibãs
O Presidente afegão, Ashraf Ghani, substituiu ontem os seus ministros do Interior e da Defesa face à rápida progressão dos talibãs em numerosos territórios do país.
A remodelação surge após os insurgentes terem reivindicado o controlo de mais de 40 distritos nas últimas semanas e quando as negociações de paz de Doha estão num impasse.
Segundo um comunicado do palácio presidencial, o general Bismillah Khan Mohammadi e o general Abdul Satar Mirzakwal foram nomeados, respetivamente, ministros da Defesa e do Interior.
Mohammadi combateu os talibãs ao lado do célebre comandante Ahmad Shah Massoud durante a guerra civil da década de 1990 e já ocupou a pasta da Defesa e do Interior após a queda do regime talibã em 2001.
Mohammadi substitui Assadullah Khalid, forçado a deslocar-se com frequência ao estrangeiro por motivos de saúde e após ter sido alvo de um ataque suicida de 2012.
O novo ministro do Interior trabalhou em numerosas instituições governamentais regionais.
Estas alterações foram decididas quando as forças afegãs continuam a perder terreno face aos talibãs desde o início de maio e a um ritmo alarmante, e que coincidiu com o início da última fase da retirada das tropas norte-americanas, e de um contingente da NATO.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que a retirada ficará concluída até 11 de setembro, a data do 20º aniversário dos atentados de 2001.
Após esta declaração sobre uma retirada sem condições, os talibãs intensificaram as suas ofensivas através do país.
Numerosos membros das forças afegãs foram mortos ou forçados a abandonar os seus postos avançados situados em zonas mais isoladas.
Na quarta-feira, pelo menos 20 membros de uma unidade de comando de elite foram mortos pelos talibãs numa emboscada na província de Faryab (norte), confirmaram diversos responsáveis à agência noticiosa AFP.
Os talibãs estão hoje presentes em praticamente todas as províncias do país, e impuseram cerco a diversas grandes cidades afegãs, uma estratégia já aplicada na década de 1990 para controlar a quase totalidade do país e instaurar o seu regime, derrubado na sequência da intervenção militar norte-americana em 2001.
O ministério da Defesa confirmou ontem a retirada das suas tropas em diversos distritos, que, no entanto, afirmam pretender retomar.
"Existe um novo plano, robusto e eficaz, para retomar as zonas de onde retirámos as nossas tropas", declarou o porta-voz do ministério, Rohullah Ahmadzai, rejeitando as declarações dos talibãs, que reivindicaram a rendição de centenas de soldados aos insurgentes.