Brasil assina contrato de transferência de tecnologia da vacina da Astrazeneca
O Governo brasileiro assinou terça-feira um contrato de transferência de tecnologia da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford para a estatal Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que permitirá a produção nacional do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA).
O IFA é o consumível biológico essencial para a produção de imunizantes e, até ao momento, o Brasil apenas produzia vacinas através da importação dessa substância, principalmente proveniente da China.
"Os atos de assinatura de contratos que hoje testemunhamos evidencia o acerto da estratégia de vacinação contra Covid-19 do governo federal, em um cenário de total incerteza da viabilidade de um imunizante", disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que, ao lado do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participou na cerimónia de assinatura do contrato, em Brasília.
Já Bolsonaro aproveitou para destacar o trabalho dos ex-ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, e das Relações Internacionais, Ernesto Araújo, na finalização do contrato, antes de serem exonerados, em março último.
"Muito brevemente poderemos até estar a exportar essa vacina. O mundo só estará seguro depois que grande parte, ou quase a totalidade da população mundial, tiver sido imunizada", declarou Bolsonaro durante o seu discurso.
A disputa mundial pelo IFA tem atrasado a produção da Fiocruz, que produz no Brasil a vacina da AstraZeneca/Oxford, e do Instituto Butantan, responsável pela Coronavac, do laboratório chinês Sinovac.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, as primeiras doses da vacina fabricada 100% no Brasil deverão estar disponíveis a partir de outubro. No segundo semestre, a Fiocruz prevê entregar um total de 110 milhões de doses do imunizante contra a Covid-19.
A assinatura do contrato de transferência de tecnologia estava prevista ainda para 2020. No entanto, segundo a fundação, devido ao "grau de detalhamento necessário para esse tipo de documentação", a assinatura foi sendo adiado, até agora.
Especialistas avaliam que, além de acelerar o processo de imunização no país, a produção integralmente nacional da vacina dará independência ao Brasil diante de um mercado que compete por imunizantes.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia em todo o mundo, totaliza 462.791 óbitos e 16.545.554 infeções pelo novo coronavírus.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.551.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.