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Líderes dos EUA e Rússia demonstram abertura para novos compromissos

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A primeira cimeira entre os presidentes norte-americano, Joe Biden, e russo, Vladimir Putin, terminou com 'compromissos de segurança estratégia' e de forma mutuamente descrita como 'construtiva', apesar de divergências, nomeadamente sobre a prisão do opositor russo Alexei Navalny.

As históricas tensões entre norte-americanos e russos, em temas sensíveis como interferências em eleições ou direitos humanos, contrastaram com intenções de acordo e diálogo em matérias como segurança estratégica ou questões nucleares, numa cimeira que até terminou mais cedo que o previsto, em menos de três horas.

Biden e Putin celebraram em Genebra, onde decorreu este encontro de alto nível, uma declaração conjunta na qual referem que os seus países são capazes de alcançar, mesmo em períodos de tensão, avanços em matéria de segurança estratégica ou para reduzir os riscos de conflitos armados e a ameaça de guerra nuclear.

No balanço da cimeira com o seu homólogo russo, Joe Biden apontou que o tom foi "positivo", mas assegurou ter advertido contra qualquer interferência nas eleições norte-americanas.

"Disse claramente que não toleraremos tentativas de violação da nossa soberania democrática ou de desestabilização das nossas eleições democráticas, e que responderemos", declarou Joe Biden em conferência de imprensa após o seu encontro com Putin.

O chefe da Casa Branca também indicou ter abordado questões relacionadas com os direitos humanos, incluindo os casos de dois norte-americanos que considerou estarem "erradamente detidos" na Rússia.

Também Vladimir Putin apontou palavras elogiosas a um encontro "construtivo" e "sem animosidade", mas frisando as tensões bilaterais.

"Em muitas questões, as nossas avaliações divergem, mas as duas partes mostraram o desejo de se entender e de procurar formas de reconciliar posições", acrescentou.

Por outro lado, Putin indicou ter definido com Biden o regresso dos embaixadores dos dois países aos seus postos respetivos, numa tentativa para diminuir as tensões. 

Sobre Alexei Navalny, Biden revelou ter transmitido a Putin que as consequências serão "devastadoras" para a Rússia, se o opositor político, atualmente detido, vier a morrer.

O Presidente da Rússia respondeu que Navalny "sabia que estava a violar a lei" ao desrespeitar as condições de uma condenação com pena suspensa, enquanto estava em tratamento na Alemanha.

Outro tema "quente" da agenda da cimeira foi a questão nuclear, com Putin a adiantar que Biden também concordou em iniciar consultas para substituir o tratado remanescente (New START) entre os dois países, que limita as armas nucleares, válido até 2026.

Washington interrompeu as negociações com Moscovo em 2014, em resposta à anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia e à intervenção militar em apoio aos separatistas no leste da Ucrânia. 

As negociações foram retomadas em 2017, mas não produziram um acordo sobre a extensão do novo tratado START durante a administração norte-americana de Donald Trump, que deixou a Presidência dos Estados Unidos em janeiro deste ano.

Sobre a questão nuclear, a cimeira foi alvo de uma manifestação pacífica a apelar à redução do armamento nuclear por parte das duas potências.

Menos pacífica foi a entrada de repórteres dos dois países para assistirem à cimeira, registando-se no exterior do local cenas de gritos e empurrões, pouco depois de os dois dirigentes terem apertado a mão e entrarem no edifício.