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Director de Recursos Humanos da TAP suspenso até conclusão do inquérito sobre vídeo em Madrid

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O diretor de Recursos Humanos da TAP, Pedro Ramos, foi suspenso de funções, na sequência do inquérito instaurado devido a um vídeo publicado nas redes sociais, onde refere um recrutamento de pessoal em Madrid, anunciou hoje a transportadora.

"Informamos que a Sandra Rodrigues irá assegurar interinamente as funções do Diretor de Pessoas e Cultura, no contexto do processo de inquérito instaurado, que determina a suspensão de funções do Pedro Ramos até à conclusão do mesmo", informou a companhia aérea, numa nota enviada hoje aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, assinada pelo presidente da Comissão Executiva, Ramiro Sequeira, e pela administradora executiva Alexandra Reis.

Em causa está um vídeo publicado na página do Facebook de João Falcato, trabalhador da TAP com responsabilidades na área dos Recursos Humanos da Manutenção & Engenharia da TAP, no qual surge acompanhado pelo diretor de Recursos Humanos da companhia aérea, Pedro Ramos, afirmando que se encontram em Madrid, Espanha, a recrutar pessoas para a TAP Madrid, para o departamento de carga.

O Conselho de Administração da TAP decidiu, na terça-feira, abrir um inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis aos dois responsáveis dos recursos humanos que aparecem no vídeo publicado nas redes sociais.

"Tendo tomado conhecimento de uma publicação nas redes sociais na qual intervêm, a título pessoal, dois trabalhadores da companhia, com responsabilidades na área dos recursos humanos e dado o momento que a TAP vive, em que a todos nós são pedidos sacrifícios, decidiu o conselho de administração abrir, de imediato, um processo de inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação", disse fonte oficial da TAP em resposta à Lusa.

"Neste momento delicado da vida da companhia, o Conselho de Administração expressa a sua solidariedade para com todos os trabalhadores da TAP e apela ao bom senso e recato de todos", acrescentou a mesma fonte.

O Ministério das Infraestruturas e da Habitação disse estar "indignado" com o vídeo que circula com dois trabalhadores com responsabilidades nos Recursos Humanos da TAP, no qual referem estar em Madrid a recrutar pessoal para a transportadora.

Contactada pela Lusa, a Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP lamentou a "cena triste" publicada nas redes sociais, que "roça o imoral" e o "fora de senso".

"É muito injusto para os trabalhadores portugueses e, realmente, se estão a reduzir pessoas aqui, se há redução de salários, então vão para Espanha contratar?", disse a coordenadora da CT, Cristina Carrilho, à Lusa, acrescentando que acredita que se tivesse sido proposto a ida para Espanha a trabalhadores que saíram da companhia no processo de redução de pessoal, alguns aceitariam.

"Mas isto é figuras que se façam? Isto é gozar com as pessoas. É uma cena muito triste e é gozar com as pessoas", sublinhou Cristina Carrilho.

A CT adiantou que vai questionar a empresa, no sentido de perceber se há um processo de recrutamento em curso.

A Lusa também tentou confirmar junto da empresa se há um processo de recrutamento em curso, mas não obteve resposta.

A TAP está a ser alvo de um processo de reestruturação, devido à situação financeira difícil causada pela pandemia, que implicou a redução do número de trabalhadores.

O Código de Ética e Boa Conduta Empresarial da TAP (versão 1.2), a que a Lusa teve acesso, define que os trabalhadores que intervêm "de forma direta e pessoal" em plataformas da internet devem ter "intervenções construtivas, respeitosas, transparentes e éticas".

"Abstenham-se de intervenções suscetíveis de afetar o bom nome do Grupo TAP ou o dos seus colaboradores, bem como o prestígio empresarial de cada uma das Empresas do Grupo TAP, nomeadamente através da publicação de fotografias, vídeos ou comentários descontextualizados", lê-se no documento.

Adicionalmente, o código define que as intervenções dos trabalhadores na internet "não vinculam nem responsabilizam diretamente o Grupo TAP e podem, sempre que ofensivas do mesmo ou dos seus colaboradores, constituir uma prática suscetível de procedimento disciplinar nos termos contratuais e legais".