Um novo normal
Há cerca de um ano escrevi um texto, inspirado por uma reportagem da CNN, em que basicamente se afirmava que as coisas iam regressar ao normal, mas que o “novo” “normal” não seria igual ao anterior.
Continuo convencido que isto é verdade.
Que nos vamos adaptar a uma nova realidade, e que as maiores dificuldades que poderemos eventualmente sentir serão decorrentes da incapacidade (ou falta de vontade…) de nos adaptarmos a este novo normal.
Aliás, a minha perspetiva é que deveríamos ter aproveitado este hiato para mudarmos o destino Madeira. Este período devia ter sido utilizado para promover um downsizing e um upgrading considerável, de forma a fazer com que os preços subam de forma significativa. O que nos permitiria atrair uma classe de cliente diferente.
Há dois indicadores interessantes, que se podem analisar ao longo dos últimos cinquenta a setenta anos, pôr um ao lado do outro, e estudar, de forma a ver se há ligações de causalidade ou não. Revpar a preços constantes, e número de trabalhadores por quarto.
Há ainda imensos estudos feitos ao longo de anos, em que se pergunta aos nossos visitantes o que procuram na Madeira. Infelizmente, o que eles procuram na Madeira: por nenhuma ordem especial, é natureza (tão intocada quanto possível), calma e segurança. Infelizmente isto entra em choque direto com a principal prioridade do GR da Madeira ao longo dos últimos quarenta anos, que tem sido manter satisfeito o lóbi do betão…
E penso que é principalmente nesta perspetiva que tem falhado a ação das autoridades de turismo da Madeira. Estamos a desenhar um produto que não corresponde ao que os nossos clientes tradicionais querem. E este desígnio está necessariamente voltado ao fracasso…
É um pouco como insistir nos cruzeiros… já está mais que demonstrado que trazem mais problemas que rendimentos, pelo que qualquer investimento na sua atração é pagar para estragar.