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OIM alerta para necessidade de incluir migrantes nos programas de vacinação

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A Organização Internacional das Migrações (OIM) alertou hoje para a necessidade de incluir os migrantes nos programas de vacinação contra a covid-19 em todo o mundo sob pena de criar "uma nova assimetria no mundo".

"A recuperação económica está intrinsecamente ligada ao processo da vacinação e à necessidade de incluir os migrantes nos esforços de vacinação globais", sublinhou o diretor-geral da OIM, António Vitorino, apontando que pelo menos 53 países em todo o mundo têm impedido o acesso dos imigrantes à vacinação.

Este número resulta de uma sondagem realizada pela OIM a 160 países para mostrar que "o acesso dos migrantes à vacinação, tanto em papel como na prática, tem vindo a ser impedido" em vários países do mundo, explicou o responsável, que intervinha na sessão de abertura da II Conferência Interparlamentar de Alto Nível sobre Migração e Asilo na Europa.

Um problema que afeta sobretudo "aqueles que têm um estatuto jurídico irregular", prosseguiu o diretor-geral da OIM na conferência que decorre em simultâneo a partir de Bruxelas e Lisboa, em formato presencial e remoto.

"Agora que os governos começam a distribuir vacinas para as regiões menos desenvolvidas, devemos também reduzir as barreiras de acesso aos mais vulneráveis e reforças as estruturas dos sistemas de saúde nos países em desenvolvimento", defendeu António Vitorino.

O responsável da OIM saudou o compromisso do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) de doar um milhão de vacinas a países pobres em todos o mundo, mas sublinhou que "muito mais é necessário e de um modo bem mais rápido".

Estas barreiras ao acesso à vacinação destas pessoas podem não só constituir um problema para a saúde pública, como também promover desigualdades sociais e consequentemente criar "numa nova assimetria no mundo", alertou o responsável da OIM.

António Vitorino sublinhou ainda a "necessidade de esforços de busca de salvamento no Mediterrâneo", a rota de fluxos migratórios que tem registado um aumento do número de mortes nos últimos meses.

"Os números são assustadores. 677 mortes na rota do Mediterrâneo de 01 de janeiro até ao final de abril de 2021, comparando com 221 do mesmo período de 2020. Ou seja, o número de vidas perdidas triplicou", acrescentou.

O presidente da Comissão da Administração Pública Regional e da Autonomia Local do Parlamento esloveno, Branko Grims, por sua vez, sublinhou a necessidade de se chegar a um consenso entre os 27 Estados-membros da UE para uma política de migração e asilo que não assente em imposições sob pena de "destruir a Europa".

"É inadmissível que sempre que enfrentamos esta questão [da migração e asilo], procuramos sempre a imposição aos outros de políticas e ideologias. São exatamente estas as forças que destroem a Europa", defendeu.

Branko Grims insistiu que estas "questões polémicas não podem ser resolvidas através de imposições porque isso vai destruir a Europa".

A Eslovénia, país que assume a presidência do Conselho da UE no próximo dia 01 de julho, sucedendo a Portugal, "tudo fará para tomar medidas necessárias para encontrar o consenso" entre os 27 em matéria das migrações e asilo, garantiu o deputado esloveno.

"Para nós, a principal prioridade é o êxito económico, é a segurança, e estou convencido que a Eslovénia fará isso de uma forma excecional", acrescentou.

A II Conferência Interparlamentar de Alto Nível sobre Migração e Asilo na Europa decorre poucos dias após o último Conselho de ministros do Interior da UE, que terminou sem um acordo entre os 27 sobre o novo Pacto para as Migrações e Asilo, proposto pela Comissão Europeia em setembro passado.

Esta Conferência surge como uma forma de encontrar pontos de convergência entre os Estados-membros para que se possa avançar com uma reforma da política de migração e asilo na UE.