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Começa julgamento de jovens afegãos acusados de incêndio em Moria

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Quatro jovens afegãos começaram hoje a ser julgados na ilha grega de Chios, acusados de atear fogo ao campo de Moria, em Lesbos, em setembro de 2020, na altura o maior campo de refugiados na Europa.

Os acusados arriscam uma pena de 15 anos de prisão por incêndio criminoso e por pertença a uma organização criminosa, disse uma fonte judicial à agência francesa France-Presse.

Num processo distinto, outros dois jovens afegãos, menores na altura do crime, foram condenados a cinco anos de prisão em março por um tribunal de Lesbos, considerados culpados de estarem entre os incendiários.

O campo de Moria foi completamente destruído pelas chamas em dois incêndios consecutivos, nos dias 08 e 09 de setembro de 2020, deixando cerca de 13.000 migrantes desabrigados a vaguear na ilha de Lesbos, incluindo crianças, mulheres grávidas e deficientes, até à abertura de um campo de emergência.

Os advogados dos quatro afegãos foram os primeiros a levantar a questão de serem menores de idade.

Os representantes dos arguidos dizem que três dos acusados não foram reconhecidos como menores na época dos fatos, embora tenham apresentado documentos comprovativos de que tinham menos de 18 anos na altura da detenção.

A maior parte da acusação é baseada no depoimento de um requerente de asilo afegão que vivia também no campo de Moria e nomeou os seis arguidos como os autores do incêndio, de acordo com fonte judicial.

Essa testemunha chave não estava hoje presente na audiência, da mesma forma que esteve ausente do julgamento dos dois menores em março, porque não foi localizado.

Os advogados de defesa indicaram à AFP que os seus clientes acusam essa testemunha de os ter nomeado como incendiários por não pertencerem à mesma tribo do que ele.

A violência entre tribos ou etnias rivais era frequente no campo de Moria, cuja capacidade triplicou ao longo dos anos, ultrapassando as 20.000 pessoas em março de 2020.