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Senadores suspendem sigilo telefónico e telemático de dois ex-ministros do Brasil

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Foto Adriano Machado/Reuters/Arquivo

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado brasileiro que investiga a gestão do combate à pandemia no país aprovou ontem a suspensão do sigilo telefónico e telemático de dois ex-ministros do Governo liderado pelo Presidente, Jair Bolsonaro.

A decisão atinge o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e envolve o aprofundamento da investigação de suas ações como ministros.

Em relação a Araújo, suspeita-se que suas críticas em relação à China, país que ele chamava de forma depreciativa de "comunista", atrasaram a chegada ao Brasil de medicamentos e até vacinas contra a covid-19.

A situação de Pazuello é mais delicada já que ele atuou como ministro da Saúde no período em que a pandemia se acelerou e se descontrolou.

A decisão da CPI da covid-19 estende-se a mais 16 pessoas vinculadas ao Governo, entre as quais o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, e três empresas de publicidade que têm contratos com diversos órgãos do Governo brasileiro.

A comissão parlamentar foi instalada no mês passado e tenta apurar se o Governo brasileiro tem alguma responsabilidade pela alta incidência e descontrolo da pandemia no país, um dos mais afetados do mundo.

Até o momento, o grupo de senadores encontrou sérios indícios de que o Governo brasileiro pode ter incorrido em sérios atrasos na compra de vacinas e que, além disso, investiu vultosos recursos públicos na aquisição e distribuição de remédios cuja eficácia contra o coronavírus não é comprovada como, por exemplo, a cloroquina.

A comissão foi criada a pedido da oposição, que conta com sete de seus onze membros, e também investiga possíveis casos de corrupção na aquisição de suprimentos médicos que podem ter envolvido nove governadores.

Nesta quinta-feira, o governador do Estado do Amazonas, Wilson Lima, deveria depor perante a comissão, mas obteve um habeas corpus que permitiu a ele não comparecer, pois já está sendo investigado na Justiça por essas supostas irregularidades.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 479.515 vítimas mortais e mais de 17,1 milhões de casos confirmados de covid-19.

A pandemia de provocou, pelo menos, 3.764.250 mortos no mundo, resultantes de mais de 174,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.