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O incessante desassossego do CINM

No mês de Maio, o Jornal de Negócios, não obstante ter publicado inúmeros artigos nos últimos meses onde falou com várias entidades e pessoas ligadas ao CINM, cometeu um erro técnico crasso ao chamar à sua primeira página o suposto custo fiscal da Zona Franca da Madeira com o “brilhante” título “ZFM custa 80 milhões de euros ano”.

Coincidentemente, ou não, este artigo surge poucos dias depois da nomeação do novo Conselho de Administração da SDM (onde talvez a redução de custos e manutenção da mesma equipa não tenha permitido ataques já na calha) e do artigo do Diário de Notícias da Madeira, com o título “CINM gerou mais 70% das receitas de IRC em 2020”, i.e., 108 milhões de euros de impostos para a Região, o que incomodará muita gente, pois permite aos Madeirenses mesurarem em euros a mais valia do CINM, ainda por cima em clima pandémico e com todos os problemas que se conheceram o ano passado.

Este problema, recorrente, deve-se à inércia e falta de empenho dos vários Governos Centrais na defesa do CINM. Ponto. Pedagogia do sector existe há anos e pessoas, com competência técnica e dispostas a dar a cara, também.

E aqui reside um outro problema, igualmente grave. Enquanto que os detratores do CINM se encontram debaixo das pedras, basta para isso necessitarem de aparecer, caso contrário já ninguém se lembraria deles(as), há poucos “paladinos” do CINM, porque estes estão mais tempo a “salvar” o CINM e porque, ao contrário dos detratores – muitos com apenas dois neurónios – os defensores deste precisam de ter duas qualidades fundamentais: conhecimento técnico e resiliência.

Assim, é de facto uma péssima notícia a saída do Dr. Carlos Santos do CINM. O Grupo Sousa ganha um fantástico ativo, mas o CINM fica muito mais pobre. E é aqui que temos, nós sector do CINM, de apostar: ótimos quadros, resilientes e corajosos, porque só assim se consegue eliminar o ruído à volta do CINM.

Só posso, em termos pessoais, desejar as maiores felicidades para o novo desafio do Dr. Carlos Santos, que com certeza irá defender com brilho e profissionalismo.

Termino partilhando convosco o pensamento de Fernando Pessoa “Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali”