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Cerca de 80 mil socialistas escolhem novo líder entre António Costa e Daniel Adrião

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Foto Lusa

Cerca de 80 mil socialistas votam na sexta-feira e nos próximos dias 18 e 19 nas eleições diretas do PS, disputadas uma vez mais entre o atual líder, António Costa, e o dirigente Daniel Adrião.

António Costa, atual primeiro-ministro, é líder do PS desde novembro de 2014, tendo sucedido no cargo a António José Seguro, enquanto o ex-jornalista Daniel Adrião já se candidatou ao lugar de secretário-geral nas eleições diretas de 2016 e de 2018.

Além do novo secretário-geral, os militantes, simpatizantes registados neste partido e membros da Juventude Socialista com mais de 18 anos vão ainda eleger cerca de 1500 delegados ao Congresso Nacional do PS, que está marcado para os dias 10 e 11 de julho.

Um congresso que, por causa da pandemia da covid-19, se realizará em 13 locais distintos do país e em espaços que terão de assegurar o cumprimento das normas de distanciamento social impostas pela Direção Geral da Saúde (DGS).

Na próxima sexta-feira, a eleição do líder e dos delegados ao congresso será por voto eletrónico, e nos dias 18 e 19 de junho a votação será presencial em cada uma das federações socialistas.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Comissão Organizadora do Congresso (COC), o deputado Luís Graça, acredita que a introdução da possibilidade de voto eletrónico permitirá uma maior participação eleitoral.

"No PS, não é a primeira vez que é usada a plataforma de votação eletrónica. As últimas eleições para a Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) já foram feitas com esse sistema. Mas, de facto, esta será a primeira vez que se usa para uma eleição nacional", refere Luís Graça, também presidente da Federação do Algarve do PS.

No âmbito da COC, segundo Luís Graça, para assegurar a fiabilidade e confidencialidade do sistema de votação eletrónica, foi criada uma comissão de acompanhamento do processo, que teve na terça-feira uma reunião formal com representantes das candidaturas de António Costa e Daniel Adrião.

"Todos os militantes do PS com capacidade eleitoral estão a receber um sms, no qual se refere que o ato eleitoral eletrónico vai decorrer entre as 09:00 e as 20:00 na sexta-feira. Depois, recebem um `link´ no seu telemóvel, a partir do qual podem votar durante o período atrás mencionado, quer para a eleição do secretário-geral do PS, quer para a eleição dos delegados afetos a cada uma das moções, quer, ainda, para a eleição do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas", indica.

Luís Graça salienta que a sua equipa da COC está perante "um processo que, do ponto de vista do back-office, tem um trabalho grande, porque, se há secções em que só há candidatos a delegados por uma das moções, outras há em que aparecem listas das duas candidaturas e, ainda, outras em que a mesma candidatura a secretário-geral apresenta mais do que uma lista de candidatos a delegados".

"E tudo isso tem de ser diferenciado no link que se manda para cada um dos militantes", assinala.

Apesar das dificuldades de ordem técnica, o deputado socialista vê vantagens para futuro em termos de organização partidária.

"Entendo que este processo é um sinal de modernidade com a introdução de novas tecnologias. A nossa expectativa é que resulte numa maior participação eleitoral por parte dos militantes do PS", diz.

Na COC, a expectativa é que a grande maioria dos eleitores exerça o seu direito de voto por via eletrónica já nesta sexta-feira.

"Quem não recorrer à votação eletrónica, por eventual problema técnico, ou por opção, vai ter a oportunidade de votar presencialmente nos dias 18 e 19, consoante as federações. Os cadernos eleitorais vão estar das secções, assinalando quem já votou eletronicamente. Fechada a urna, o presidente de cada secção - só ele tem conhecimento do resultado da votação eletrónica da sua secção - fará a ata com o somatório da votação eletrónica e em urna", explica Luís Graça.

O presidente da COC do PS assume que, para o próximo congresso de julho, será menor o número total de delegados a eleger, mas não reconhece validade às críticas da corrente ligada a Daniel Adrião de que poderá estar em causa a representatividade do congresso.

"Perante a pandemia da covid-19, era inevitável que o PS tivesse que rever o rácio entre número de militantes de cada secção e delegados a eleger. Este foi um debate absolutamente consensual no PS", alega.

Nos congressos nacionais normais, segundo Luís Graça, o PS tem cerca de três mil delegados, entre eleitos e elementos com direito de inerência.

"Ora, uma sala para três mil pessoas, respeitando as regras da DGS, era impossível. Por isso, tivemos de reduzir o número de delegados e fazer este congresso em múltiplas salas (num total de 13). Além do território continental, vamos ter salas nos Açores, na Madeira e, eventualmente, em outros pontos da Europa", acrescenta.

Em Lisboa, na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, estará a mesa do congresso, os membros dos órgãos de direção (Secretariado Nacional e Comissão Política) e os delegados eleitos pelas federações da Área Urbana de Lisboa (FAUL) e Oeste.