Chega duvida que Marcelo concorde com nomeação de Adão e Silva
O deputado do Chega tem dúvidas e escreveu hoje ao Presidente da República para saber se, "de facto", concorda com a nomeação de Pedro Adão e Silva para comissário das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
André Ventura escreveu também ao primeiro-ministro uma carta em que pede esclarecimentos a António Costa sobre os critérios que levou o Governo a escolher Adão e Silva, orçamentos e folha salarial e justificações para as despesas com o comissário das comemorações.
O deputado afirma, na carta a Costa, que "não se compreende" o critério da nomeação de Pedro Adão e Silva, "sujeito com claras ligações ao Partido Socialista", a menos que "o Partido Socialista entenda ser o proprietário da data que se pretende comemorar" e "agente eliminador do pluralismo político e democrático que a ela está subjacente".
Ao Presidente da República, Ventura escreveu ter lido afirmações suas na comunicação social em que "terá manifestado a sua concordância e dado o seu aval", mas afirma ter dúvidas.
"Duvido disso, uma vez que nomeou para presidir à Comissão Nacional para as mesmas comemorações" o general Ramalho Eanes que "dificilmente poderá compactuar com esta situação", escreveu.
Na carta, o deputado único do Chega questiona o Presidente se, "de facto", concorda com a escolha.
Se assim for, desafia-o a "deixar bem claro, de forma inquestionável, a todos portugueses" que está de acordo com esta escolha que foi criticada na terça-feira pelo líder do PSD, Rui Rio.
Numa publicação na sua conta oficial na rede social Twitter, Rio escreveu que a escolha de Pedro Adão e Silva é uma "compensação" do PS pelos comentários feitos nos media.
Confrontado pela agência Lusa com esta posição do líder social-democrata, António Costa respondeu: "É uma declaração tão insultuosa que, por uma questão de respeito com o líder da oposição, me exige que a ignore".
Pedro Adão e Silva foi membro do Secretariado Nacional do PS entre 2002 e 2004, sob a liderança de Ferro Rodrigues, e abandonou logo depois a vida partidária.
Em 27 de maio, o Conselho de Ministros aprovou a criação de uma estrutura de missão para organizar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se assinala em 2024, nomeando Pedro Adão e Silva como comissário executivo.
Pedro Adão e Silva é professor auxiliar do departamento de ciência política e políticas públicas no ISCTE, diretor do Doutoramento em Políticas Públicas da mesma instituição e comentador em vários órgãos de comunicação social, como a TSF, RTP ou o Expresso.