A comemoração

Em 27 de Maio, o Conselho de Ministros aprovou a criação de uma estrutura de missão para organizar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se assinala em 2024, nomeando Pedro Adão e Silva como comissário executivo.

O prazo da nomeação 5 anos 6 meses e 24 dias ou seja 2033 dias para tratar de um evento que “dura” algumas horas de 1 dia...

Além disso e para tão árdua e exigente tarefa o Comissário terá direito a:

Motorista

Secretário pessoal

3 técnicos especialistas

3 adjuntos

4 técnicos superiores em regime de mobilidade

1 equipa de apoio técnico

1 equipa de apoio administrativo

Até aqui e ao ouvir na TSF esta introdução pareceu-me tudo normal, mas, depois à medida que a notícia foi sendo “desenvolvida”, como se diz na gíria, fui ficando e como bom e genuíno, membro do Povo, primeiro atónito e depois de boca bem aberta, o que neste caso é bem demonstrativo da enormidade da notícia, além da categoria da mesma. É um orgulho!

Fiquei de tal ordem extasiado e entusiasmado, que dei por mim a querer contribuir para o enorme sucesso que se adivinha, não podendo deixar de querer associar a minha pessoa a “isto”. Não sendo socialista o que parece ser condição, sine qua non, para pertencer ou fazer parte de tão brilhante Comissão, o que posso aos meus 69 anos de idade, ex empresário, na condição de reformado, educado, ainda com alguma presença, sabendo comer, sem ser com as mãos, embora se necessário e se exigido também possa, inclusive arrotando no final de cada repasto, acrescentar alguma criatividade e imaginação, bem como e pela minha experiência da vida, acrescentar algumas sugestões.

Então avancemos, sem mais demoras nem considerandos:

Para começar a remuneração de 4500 euros mensais, mais umas alcavalas, parece-me e para a responsabilidade do lugar, bem como o prestígio do mesmo, muito modesta, no mínimo eu sugeria o dobro.

Nos técnicos especialistas, não se sabendo, embora imaginando, a especialidade de cada um, um dos elementos teria de ser em vôo, tipo os poderes do Super-homem, para dar a maior flexibilidade e rapidez ás funções. Obviamente a especialização em maningâncias, no recrutamento seria, sem dúvida, motivo de preferência.

Sendo os cravos vermelhos um ícone da efeméride, parece-me elementar desde já e para assegurar a sua presença na quantidade devida, todos os que aparecerem, murchos, viçosos ou mesmo tesos, serem adquiridos e preservados sem limite é proibida a sua comercialização até 2024.

Também e para assegurar a musicalidade do evento, contratar desde já 2000 músicos profissionais, que se dedicarão a tempo inteiro a ensaiar os acordes da “Grândola Vila Morena”, para que no dia tudo decorra com harmonia e ritmo. Uma orquestra!

Trazer alguns especialistas da Coreia do Norte, como consultores em eventos do Grande Líder, para definir e afinar o rigor das comemorações.

Importar mão de obra qualificada em aplausos e choros, para o suporte emocional do evento. Numa perspectiva de diferenciação e para vincar a universalidade do mesmo, contratar umas centenas de indígenas da cultura maori, ver a dança tribal que se tornou símbolo dos ALL BLACKS, selecção de rûgbi, e com alguns especialistas em aplausos com as nádegas.

Aqui acordei, não me tinha dado conta, mas, com o choque e a emoção que me provocou a notícia tinha adormecido e estes considerandos de me querer associar a isto, bem como as sugestões, não passaram de sonhos, loucos, mas sem dúvida retemperadores.

Fiquei curioso e então o nosso Marcelo, desculpem a informalidade, mas, com tantas vindas e projectos de regresso à nossa Madeira, já é um de nós ou para lá caminha, o que pensa disto?

... e cito...” Sobre as críticas e a polémica em torno de Pedro Adão e Silva, Marcelo garantiu que a escolha do historiador foi do Governo, mas com o seu aval. É um historiador, um politólogo, atento à realidade contemporânea do país, consensual, muito consensual, predominantemente no centro esquerda e em democracia significa que não há duas opiniões iguais sobre ninguém. Há quem goste e há quem não goste, faz parte da lógica da democracia.

Não vejo razão substancial para não exercer essa função....”

Perante tanta falta de decoro e jeito, para terminar e já que está na moda, a “bazuca” e serve para quase tudo. Deixem-me, sonhar...! Isto parafraseando o José Torres.

PODE SER QUE UM DIA LHES REBENTE NAS PATAS...!

João Abel de Freitas