Maioria dos portugueses quer continuar a trabalhar a partir de casa
Menos de metade dos portugueses ainda estava em teletrabalho em março, um ano após o início da pandemia de covid-19, mas a grande maioria preferia continuar a trabalhar a partir de casa, de forma integral ou em regime misto.
Estas são algumas das conclusões, divulgadas segunda-feira, de um estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa, da Universidade Católica em Lisboa, que procurou perceber o impacto da pandemia na vida dos portugueses.
Em março do ano passado, a pandemia de covid-19 obrigou a maioria dos portugueses a ficar em casa, mas muitos puderam continuar a trabalhar, trocando o escritório por uma divisão de casa.
Um ano depois, dos mil inquiridos entre 27 e 30 de março, apenas 41,4% continuavam em teletrabalho, mas desses a grande maioria preferia manter-se nessa situação ou num regime misto.
"80,4% dos participantes mostram-se interessados ou muito interessados em continuar no regime de teletrabalho", revelam os resultados, que apontam também que 77,9% gostavam de trabalhar a partir de casa até quatro dias por semana.
Por outro lado, aqueles que ainda estão em teletrabalho concordam que têm conseguido gerir o seu trabalho de forma autónoma, mas referem uma "diminuição da perceção de qualidade das condições de trabalho".
Além do teletrabalho, o estudo avaliou também os níveis de satisfação em relação às medidas de restrição e de desconfinamento, à vacinação e ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), e os hábitos de consumo dos portugueses.
Em relação à vacinação contra a covid-19, 69,5% dos inquiridos tencionam ser vacinados e a maioria acredita tanto na proteção conferida pela vacinação (82,2%), como confia nas próprias vacinas (69,1%).
Ainda assim, cerca de metade dos inquiridos (51,9%) considera que há vacinas mais seguras do que outras e a minoria que ainda está indecisa acerca da vacinação (17%) ou não tenciona ser vacinado (6,4%) justifica a sua posição sobretudo com o receio dos efeitos secundários ou a descrença na eficácia da vacina.
Quanto às entidades envolvidas no combate à pandemia, os resultados do inquérito apontam uma satisfação "bastante elevada" quanto à prestação dos médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares do SNS.
Em relação ao reforço das medidas de restrição durante o período da Páscoa, os inquiridos consideraram-no eficaz, em níveis moderadamente elevados, sobretudo a proibição de circulação entre concelhos durante a Semana Santa (66,4%) e a aplicação de coimas em caso de desrespeito das medidas de restrição (66,5%).
Já sobre o desconfinamento, cuja primeira fase arrancou em 15 de março, apenas cerca de metade dos inquiridos reportou níveis de concordância com o momento da implementação das medidas, sendo que pouco menos de metade (44,9%) defende, por exemplo, que a venda ao postigo no comércio não essencial deveria ter sido permitida mais cedo, à semelhança de livrarias e bibliotecas (45,9%), mas ao contrário do levantamento da proibição das deslocações para fora do território continental, que para 46,8% deveria ter acontecido mais tarde.
Para a segunda, terceira e quarta fases, mantém-se a mesma tendência, com cerca de metade dos participantes a concordarem com os prazos definidos para ambas.
Sobre os padrões de consumo, o estudo conclui que "os portugueses acreditam que no período pós-pandemia irão voltar a consumir apenas moderadamente, em relação à forma como o faziam antes da pandemia", mas manifestam a intenção de começar a consumir produtos mais saudáveis e sustentáveis.
O relatório refere ainda que, um ano após o início da pandemia da covid-19 em Portugal, os portugueses estão mais otimistas em relação ao futuro e sentem-se mais relaxados, contentes e calmos, e menos preocupados, ansiosos e tensos.