Cerca de 5.000 crianças separadas das famílias devido ao conflito na Etiópia
Cerca de 5.000 crianças foram separadas das suas famílias devido à intervenção militar na Etiópia que começou em novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), informou hoje a organização Save the Children.
Durante os primeiros seis meses do conflito em Tigray, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) detetou pelo menos 917 menores desacompanhados (que não têm um adulto para cuidar deles) e 4.056 crianças separadas (separados dos pais ou responsáveis principais, mas sob os cuidados de outros membros adultos da família).
De acordo com Petra Straight, da Save the Children, as crianças não têm acesso à vacinação infantil de rotina, o que as coloca num risco muito alto de contrair doenças infecciosas e aumenta a hipótese de ocorrência de um surto na região.
As principais doenças a que os menores estão expostos são as infeções respiratórias, como a pneumonia, e as infeções de pele - ambas relacionadas com a falta de espaço e acesso a água potável - e também a desnutrição.
De acordo com a Save the Children, as crianças identificadas abrangem uma ampla faixa etária e incluem desde bebés recém-nascidos que perderam as suas mães durante o parto até adolescentes de 16 anos que agora se tornaram os cuidadores principais de seus irmãos mais novos.
A maioria desses menores desacompanhados e separados vive com outras pessoas deslocadas à força em acampamentos informais, geralmente em ex-escolas, ou seja, "partilham o espaço com outras pessoas, incluindo adultos de ambos os sexos, o que pode colocá-los ainda mais em risco de violência e abusos", alerta a organização.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder neste estado no norte da Etiópia.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele.
No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.