Candidato eugénico
Nuno Graciano (NG) candidato do Chega à autarquia de Lisboa, em entrevista ao Observador mostrou-se de todo incapaz de transmitir qualquer ideia sobre como seria a sua gestão da autarquia. Única nota digna de registo ainda que pela negativa a sua afirmação: “No caso da pedofilia, sou a favor da pena de morte. Não me conseguem demover desta opinião. Qual é o problema de ser uma doença? É uma doença incurável”. Para NG quem padece de “uma doença incurável” deve ser morto e não tratado. Foi o que os nazis levaram a cabo à boleia da “solução final” assassinando quem padecia de doenças e/ou deficiências incuráveis. Aconteceu nos anos 30 do século passado, com as consequências medonhas de todos conhecidas e só quem pretenda um regresso a esse passado de genocídio, horror e destruição é que poderá voltar a deixar-se manipular pelos novos arautos das velhas teorias da eugenia. Nos EUA são cada vez mais os estados que estão a abolir a pena de morte ou a suspender a execução dos condenados, precisamente porque ao longo do tempo se tem comprovado que a mesma, ao contrário do que pretende NG, não tem qualquer efeito dissuasor sobre quem comete crimes sejam eles de que natureza for, ainda que tenha levado à morte de milhares de inocentes sem hipótese de comprovar a sua inocência, algo que a Ciência só há relativamente pouco tempo tornou possível através das provas de ADN que passaram a ser aceites pelos tribunais para anular sentenças de morte e inocentar inúmeros condenados à pena capital, fruto da utilização pelas autoridades policiais e judiciais de provas forjadas já que o seu foco mais do que fazer justiça era inventar um culpado. Não se condena à morte quem padece de um cancro ou outra qualquer doença incurável, antes se prossegue com esforço redobrado na investigação científica para encontrar a respetiva cura. NG como candidato eugénico talvez tivesse conseguido um lugar de chefia no 3º reich, mas não numa autarquia nos dias de hoje.
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