Há 29 anos Jardim considerava a banana um produto de Terceiro Mundo
Há 29 anos, Alberto João Jardim dizia ser inevitável o fim da cultura da banana na Madeira. A notícia que fazia a manchete da edição do DIÁRIO de 31 de Maio de 1992 caiu que nem uma bomba entre os produtores regionais.
O então líder do executivo madeirense falava da necessidade de repensar o futuro da banana, numa altura em que os agricultores se diziam fartos das promessas dos políticos. “Agora dizem uma coisa, amanhã dizem outra”.
Jardim apelava à modernização da agricultura, desviando as camadas mais jovens para outras actividades que não a agricultura e particularmente a produção de banana. Dizia ainda que os “vimes e banana são culturas de países de Terceiro Mundo”.
“Estou a prolongar um cadáver, pois o que eu tenho de fazer é pegar no dinheiro existente e criar infra-estruturas que viabilizem uma alternativa”, dizia o Presidente do Governo Regional numa deslocação à Ponta do Sol.
Mas o certo é que hoje a banana continua a ocupar um lugar de destaque na produção agrícola regional, pese embora o decréscimo na sua comercialização que se tem verificado nos últimos dois anos.
Em 2019, a comercialização de banana cresceu 29,2% face a 2018. Segundo a Direcção Regional de Estatística (DREM) foram comercializadas na primeira venda pouco mais de 21.649 toneladas de banana, mais 4.890 toneladas do que em 2018.
A principal razão para o aumento então verificado residiu, segundo a DREM, “em condições climatéricas propícias ao desenvolvimento das produções, conduzindo assim, depois de 2017, ao segundo valor mais elevado dos últimos 20 anos”.
No ano passado, a comercialização de banana caiu 2% face a 2019. Foram comercializadas na primeira venda 21.222 toneladas, menos 427 toneladas. Ainda assim, a banana de categoria extra registou um aumento de 6,9%, enquanto a banana de 1.ª categoria recuou 20,1% e a de 2.ª categoria caiu 37,3%.
Do total de banana comercializada no ano em análise, 85,1% foi expedida tendo como destino principal o Continente (84,7% em 2019). Por sua vez, a banana de categoria extra representou 80,5% do total comercializado (73,8% em 2019), atingindo as 17 076,0 toneladas transaccionadas.
Já este ano, no primeiro quadrimestre, verificou-se uma quebra de 8,3% na comercialização deste fruto, transversal a todas as categorias de banana. Comparativamente ao mesmo quadrimestre de 2020, a banana de categoria extra caiu 2,4%, a de primeira categoria, 26,7% e a de segunda, 22,6%. De notar que a banana extra representou 78,8% do total comercializado (74,0% no quadrimestre homólogo).
Leia mais sobre a posição tomada por Alberto João Jardim sobre a produção na banana há quase 30 anos e outras notícias numa edição em que se fala do futuro dos cruzeiros no Funchal, do voo de Cláudia Silva, a primeira mulher da Região na Força Aérea Portuguesa, que tinha apenas dezassete anos e era natural do Porto Santo.