Ventura promete "o radicalismo de sempre" para chegar ao Governo
O líder do Chega, André Ventura, recusou, na sexta-feira, moderar o discurso como sugeriu o PSD e prometeu "o mesmo radicalismo de sempre" para "conquistar o Governo" em Portugal.
A promessa, em tom de comício, foi feita na abertura do III congresso nacional do Chega, em Coimbra, onde André Ventura apareceu em palco, numa encenação, envolto no meio de fumo, depois de um vídeo de mais de 12 minutos em que o partido foi apelidado de "milagre" pelo que fez desde 2018.
Em tom exaltado, o presidente e deputado do Chega recusou, mais uma vez, moderar o discurso, em resposta ao "muito mau líder do PSD, Rui Rio", e disse que o seu "caminho" era outro: "ir até ao fim com o mesmo radicalismo de sempre para conquistar o Governo de Portugal."
Aos delegados e dirigentes, Ventura disse não compreender quem, dento do partido, quer que o Chega "seja como o PSD" porque isso seria "desonrar a história".
E depois de dizer que "a direita não se pode humilhar" a "pedir" ao PSD um eventual acordo de Governo, Ventura fez mais uma declaração em tom exaltado.
"Nós não vamos pedir ao PSD para sermos Governo em Portugal, vão ser os portugueses a pedir" quando forem votar nas próximas legislativas, disse.
No seu discurso, André Ventura pediu um "mandato claro, claríssimo", para que ninguém tenha dúvidas, dentro e fora do partido.
E pediu que quem "votar a favor" da sua direção "apenas e tão só" o faça se acreditar uma atitude de força com o PSD.
"Não vamos negociar, vamos impor, não vamos pedir, vamos exigir", afirmou, porque "os portugueses" é que "vão colocar" o Chega no "poder em Portugal".
As maiores críticas da noite foram para o PSD, e o CDS apenas foi referido uma vez, para dizer que o Chega "não será uma espécie de CDS 2.0" nem quer ser "muleta do PSD".
E recusou quaisquer entendimentos com os sociais-democratas sem que isso signifique pastas num eventual Governo de coligação após as legislativas.
"Se o Chega apoiar o PSD sem entrar para o Governo, não será comigo", acrescentou.
O líder do Chega fez ainda um ataque "à esquerda e à extrema-esquerda", em especial o Bloco, e ao PCP, partidos que apoiaram o Governo de António Costa, recusando ser, algum dia, "servente do PS".
A comunistas e a bloquistas dedicou também uma frase curta: "Para acabarem connosco têm de nos comer os ossos."
Por uma vez, Ventura também falou em José Sócrates para criticar a justiça que, disse, o condenou a ele "em quatro meses", por ter chamado "bandidos" a uma família do Bairro Jamaica, Seixal (Setúbal), e ao ex-primeiro-ministro do PS "leva anos" sem o julgar.
André Ventura, que ao congresso chegou eleito líder, tomou posse na abertura dos trabalhos, com um aperto de mão ao presidente da mesa do congresso, Luís Graça.
O III congresso nacional do Chega começou na sexta-feira, com quase duas horas de atraso, e termina no domingo.
Hoje, sábado, é dia de debate e votação das moções setoriais e global, ficando a eleição dos órgãos nacionais para a manhã de domingo.