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30% dos desaparecidos no Brasil são adolescentes e crianças

Foto EPA
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Cerca de 30% dos desaparecidos no Brasil são crianças e adolescentes, incluindo três crianças do Rio de Janeiro que saíram de casa para brincar no ano passado e nunca mais voltaram, de acordo com dados ontem divulgados.

O desaparecimento de Lucas Matheus (8 anos), Alexandre da Silva (10 anos) e Fernando Henrique (11 anos) em Dezembro, numa favela da baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, tornou-se um caso emblemático e um exemplo sobre a gravidade do problema no Brasil.

Segundo dados divulgados no Dia Internacional das Crianças Desaparecidas, que ontem se assinala, diversos órgãos oficiais do país indicam que o paradeiro de cerca de 80 mil pessoas é desconhecido.

Desse total, estima-se que mais de 36% correspondam a menores de 18 anos, na sua maioria adolescentes.

Dados do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos do Ministério Público (Sinalid) confirmam essa avaliação ao constatar que, actualmente, 31,65% das pessoas desaparecidas no Brasil têm entre 12 e 17 anos.

O facto de o Brasil não possuir uma lista nacional detalhada, unificada e actualizada sobre desaparecimentos dificulta as buscas e impede o conhecimento da verdadeira realidade do país, segundo especialistas.

"Há uma perceção de várias autoridades de que o maior grupo de desaparecidos é o de jovens no final da adolescência", disse Larissa Leite, coordenadora do Comité Internacional para o Programa de Desaparecidos da Cruz Vermelha (CICV) no Brasil, citada pela agência Efe.

Os três meninos desaparecidos no Rio de Janeiro saíram para brincar em 27 de Dezembro e não voltaram.

Na região onde viviam, traficantes de drogas e milícias (grupos paramilitares, compostos em sua maioria por polícias activos, reformados ou expulsos) lutam diariamente pelo controlo do território, onde extorquem e ameaçam quem não segue a sua lei.

Quase cinco meses após o seu desaparecimento, poucas são as respostas das autoridades, que ainda não descobriram o seu paradeiro, ao mesmo tempo que apoiam a investigação com teses "pouco críveis", segundo parentes e vizinhos da comunidade onde viviam.

Na semana passada, a polícia prendeu 17 suspeitos e apontou a hipótese de que as três crianças terem desaparecido por roubar um pássaro de um narcotraficante local, mas afastou uma possível participação de milícias.