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Mais de 8.000 padarias afectadas por falta de farinha de trigo na Venezuela

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A Venezuela enfrenta uma escassez de farinha de trigo, usada na fabricação de pão, uma situação que afeta mais de 8.000 padarias no país, alertou hoje a Federação de Trabalhadores da Indústria da Farinha (Fetraharina).

"Mais de 8.000 padarias estão afetadas. Os 13 moinhos que existem no país estão a operar a 50% da capacidade. Desde 2018 que há dificuldades para importar trigo desde o Estados Unidos e do Canadá, desde que se aplicaram sanções internacionais", explicou o presidente da Fetraharina aos jornalistas.

Segundo Juan Crespo, a escassez de farinha tem levado algumas padarias a reduzir o horário de funcionamento.

"A indústria que faz a distribuição não conta com matéria-prima e a isto soma-se a falta de gasóleo que dificulta o transporte", frisou.

Por outro lado, explicou que antes de 2018, antes da imposição de sanções internacionais contra a Venezuela, "a importação estava centralizada no Governo, mas depois foi permitido que os empresários privados pudessem importar usando as suas divisas (recursos em moeda estrangeira) e sofreram várias confiscações de mercadoria, por falta de segurança jurídica para o setor privado".

O presidente da Fetraharina precisou que há uma década a Venezuela necessitava 120 mil toneladas mensais de farinha de trigo, pelo que cada 30 dias chegavam ao país quatro barcos de 30 toneladas, mas que desde há dois anos se regista "uma concorrência desleal" porque "se permitiu a livre importação e agora chegam produtos processados, terminados" desde a Argentina, Uruguai, Brasil, Itália, Bielorrússia, Irão e China.

Segundo o secretário-geral do Sindicato de Molinos Nacionais CA (Monaca), Marlon Fernández, por essa razão aquela empresa deixou de produzir farinha com e sem fermento e paralisou seis fábricas de trigo.

Entretanto a Fetraharina apelou ao Governo venezuelano que permita que o Porto de La Guaira (32 quilómetros norte de Caracas) seja habilitado para receber barcos com farinha de trigo importada, pois atualmente os barcos com aquele produto chegam a Puerto Cabello (210 quilómetros a oeste da capital) e o transporte encarece os preços.

Em 2018 a escassez de farinha de trigo obrigou várias padarias a fechar as portas temporariamente, enquanto outras registavam diariamente longas filas de pessoas à espera para comprar pão.

Alguns estabelecimentos comerciais limitaram a quantidade diária de pão que cada cliente podia comprar, enquanto os empresários tentam-se ajudar-se emprestando farinha.