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Quando os sonhos se concretizam

Para além do Funchal, nove cidades portuguesas (Viana do Castelo, Leiria, Faro, Évora, Coimbra, Aveiro, Braga, Guarda e Oeiras) estão neste momento a preparar as suas candidaturas para a Capital Europeia da Cultura 2027. A decisão definitiva será tomada em 2023, mas a complexidade da preparação da candidatura e, posteriormente, da elaboração do programa que ocupa um ano inteiro, exige tanto tempo.

Atribuída desde 1985, esta distinção, até 2000, foi atribuída anualmente a uma cidade e a seguir a um número variável. Para duas das três cidades escolhidas para este ano, a realização foi adiada para 2023 e, para uma, a da cidade sérvia de Novi Sad, para 2022. Esta cidade, segunda pelo tamanho na Sérvia, com cerca de 286 mil habitantes, viu a sua candidatura aprovada em 2016, sendo a primeira dum país-candidato para a integração na União Europeia. Novi Sad é o centro administrativo da Região Autónoma de Voivodina, da Sérvia.

É um facto extraordinário que o maior projeto infraestrutural especificamente concebido e realizado no âmbito de Novi Sad – Capital Europeia da Cultura foi a construção de raiz dum centro de artes. Este centro, recentemente aberto, alberga, numa área de 14.000 m2, uma escola de música para 1500 alunos e 200 professores, uma escola de bailado para 600 alunos e 60 professores, uma pequena sala de concertos com 150 lugares e a sala principal com 430 lugares. Financiado na totalidade pelo orçamento municipal, o valor total deste investimento rondou os 23 milhões de euros.

Assim, a escola de música, fundada em 1909, uma excelente escola com projeção internacional, obteve a sua primeira sede definitiva e completa depois de 111 anos de atividade, e a escola de bailado a sua sede fixa depois de 72 anos de atividade. Mas não acaba aqui. Foram recentemente entregues na escola 44 pianos de cauda, 20 pianos verticais e 12 teclados, tal como 3 pianos de cauda e 7 pianos verticais para a escola de bailado (todos no âmbito dum protocolo com a prestigiada marca Kawai). Ademais, para a sala de concertos foram adquiridos dois pianos de cauda inteira, no valor de 280 mil euros, verificados e assinados pela já mítica pianista Martha Argerich.

Deste modo, os responsáveis pela escola têm todas as condições para poderem prometer dar continuidade da melhor maneira ao lema da escola, palavras do seu fundador Isidor Bajic, cujo nome a escola traz. Palavras essas que não perderam de todo a sua atualidade mais de um século depois de terem sido proferidas, em 1909: “Numa escola de música, cada aluno deve estudar e preparar-se para as aulas em vez de se apoiar nos professores e não fazer o seu trabalho. Os alunos são encorajados para trabalharem independentemente e assumirem responsabilidade, sendo que isso influencia positivamente a formação do caráter da criança. O aluno pode ter certeza que vai receber ensino de qualidade. (…) Uma escola de música é uma instituição cultural com objetivo sério e com responsabilidade perante a sociedade.”